Consumado golpe, governo Temer fala em aumento da jornada de trabalho

Os patrões estão cobrando a fatura pelo financiamento do impeachment e o governo ilegítimo corre para atender a demanda. Nesta quinta-feira (8), o ministro do Trabalho de Temer, Ronaldo Nogueira, declarou que o governo que uma reforma trabalhista que altere a jornada de trabalho de 8 para 12 horas.

Skaf, da Fiesp, e Temer - Lula Marques

A medida é parte do plano de rasgar a legislação trabalhista, impondo o negociado sobre o legislado, em que o trabalhador vai “negociar” com o patrão as cláusulas do contrato. Será como colocar um franguinho para negociar com uma raposa se ela o devora ou não.

Com o aumento das manifestações pelo “Fora Temer” e a estrondosa vaia no Maracanã durante a abertura das Paraolimpíadas, Temer ficou irritado com a declaração do ministro e o efeito que a repercussão poderia causar, insuflando os protestos que aumentam a cada dia.

Para o governo, este tipo de declaração "precisa ser feita com muita cautela", com a devidas explicações, "para evitar erros de interpretação."

A saída de Ronaldo Nogueira foi dizer que a jornada iria aumentar para 12 horas, mas o “governo não vai elevar a jornada de oito horas, nem tirar direitos dos trabalhadores".

"Não tem nenhum risco de o trabalhador perder direitos constitucionais”, disse.

Como assim? O ministro explicou que padrão normal e legal continuará sendo o de oito horas diárias e 44 horas semanais, sem alterações para os trabalhadores. O que a reforma permitirá é que as convenções coletivas de categorias tenham a “opção de flexibilizar” a forma como a jornada será realizada, ou seja, o trabalhador vai trabalhar 12 horas sim.

Mas segundo o governo golpista de Temer, “a medida vai legitimar jornadas já adotadas”, como a compensação das horas do sábado em tempo extra em dias úteis e o modelo 12 horas de trabalho por 36 horas de descanso. Na realidade, Temer vai aumentar a jornada de trabalho.

A grande contradição dessa proposta é que as centrais sindicais lutam justamente para reduzir a jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais, seguindo uma trajetória mundial de redução da jornada por melhores condições de vida.

Para o deputado Valmir Assunção (PT-BA), a proposta do governo "é mais um golpe contra os trabalhadores brasileiros e atinge profundamente os direitos individuais".

"Isso é mais um absurdo desse governo interventor. Não podíamos esperar nada diferente. Temos de lutar para manter o 13º salário e o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço [FGTS]. Com certeza serão os próximos direitos a serem atacados", disse o parlamentar.

Segundo Valmir, a medida não pode ser considerada isoladamente. “Foi para isso que os golpistas tomaram o poder, agora temos de resistir e seguir os mesmos passos de antes. Os movimentos sociais, populares e sindicais devem puxar para as ruas os protestos e continuar na luta para agora, não só manter os direitos como buscar por outros", completou.