Fora Temer, Diretas Já e a truculência da PM na mídia internacional

A imprensa internacional repercutiu a grande manifestação pelo "Fora Temer" que ocorreu com mais intensidade neste domingo (4) no Brasil, após a destituição da presidenta Dilma Rousseff na útlima quarta-feira (31). Jornais da Espanha, Chile, México, Venezuela, entre outros, noticiaram também a forte repressão da Polícia Militar na manifestação que reuniu mais de 100 mil pessoas, em São Paulo e que transcorria pacificamente até a intervenção da polícia no início da noite.

Ato contra Temer em São Paulo - Foto: M.SCHINCARIOL/AFP

O El País, da Espanha, divulgou que a reação deste domingo (4) pode ter sido após o presidente Temer ter desprezado os protestos anteriores classificando-os de "pequenos grupos de 40 pessoas”. Segundo o jornal, a reação no domingo reuniu mais de 100 mil apenas em São Paulo.

Segundo fontes da reportagem, muitos manifestantes não eram ligados a movimento social e a maioria havia votado em Dilma nas eleições de 2014. O jornal divulgou ainda as palavras de ordem mais usadas na manifestação: "Fora Temer" e "Direitas Já!”. Segundo uma fonte da matéria, “eles pedem eleições porque é uma maneira de recuperar o voto que eles tinham perdido”, apontou o El País.

Manifestantes no Largo da Batata neste domingo (4). Foto: Mídia Ninja


Manifestação finalizou no Largo da Batata após truculência da polícia. Foto: Mídia Ninja 

Seis jornalistas do El País foram destacados para cobrir a manifestação e contaram na reportagem que organizados pelas Frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, o ato transcorria tranquilamente com uma passeata que percorreu mais de cinco quilômetros, entre a Avenida Paulista (centro) até o Largo da Batata (zona Oeste), quando a polícia começou a atirar bombas com gás lacrimogênio e balas de borracha para dispersar os manifestantes.

Ainda segundo a publicação, haviam crianças, jovens e idosos na manifestação e que, segundo seus jornalistas, não havia necessidade de violência. No texto, os jornalistas contam que um fotógrafo do El País, Mauricio Camargo, foi atingido por uma bala de borracha e que outro jornalista da BBC Brasil foi atingido por um cassetete da polícia, apesar de ter sido identificado como sendo da imprensa.

O jornal publicou um vídeo de pouco mais de um minuto mostrando que a manifestação ocorria tranquilamente na Avenida Paulista:


Diário de Notícias

Já o Diário de Notícias (DN) de Portugal frisou o diferencial da manifestação deste domingo na Paulista em relação aos últimos atos. Destacou a presença de diferentes grupos nos atos organizados pelas Frentes, destacando a presença “de grupos de amigos, familiares e casais” no protesto em São Paulo.


Foto: Reuters/Fernando Donasci

Diretas Já

“Outra mudança foi o pedido crescente por novas eleições presidenciais, expresso por milhares que aos gritos diziam "Diretas já", uma alusão à campanha que aconteceu no Brasil na década de 1980, com mais força no final do período da ditadura militar, quando a sociedade civil pediu a volta da democracia e do direito ao voto”, noticiou o DN.

O portal da Telesur, da Venezuela, publicou imagens e postagens sobre a manifestação pelo "Fora Temer" no Brasil. Segundo a reportagem, "com o slogan de costume, as manifestações expressaram sua rejeição ao governo Temer e os movimentos sociais também relançaram a campanha "eleições gerais já!", apontou o jornal. 

Outra reportagem do jornal venezuelano anunciou que os movimentos sociais no México emitiram um comunicado rechaçando o golpe parlamentar no Brasil contra o presidente eleita Dilma Rousseff na última quarta-feira (31). "O que não conseguiram ganhar nas urnas [oposição], eles conseguiram através de uma série de artifícios legais pseudo impulsionadas por personagens sem qualquer autoridade moral" expressaram no comunicado.

Chile

O jornal chileno Emol destacou que a sétima manifestação consecutiva após o afastamento definitivo da presidenta eleita (no dia 31 de agosto) de início tinha sido proibidas pelas autoridades, mas depois voltaram atrás e permitiram a manifestação que transcorreu pacificamente até o fim da tarde deste domingo. O periódico chileno tratou ainda da manifestação do Rio de Janeiro que reuniu diversos segmentos da sociedade “para mostrar o seu descontentamento com o governo do presidente Michel Temer, que foi empossado no cargo na quarta-feira após a demissão de Dilma Rousseff”.

O violento ataque sem sentido da PM de Alckmin virou destaque também no jornal americano Washington Post. O periódico publicou em seu site uma reportagem que diz que um ato "pacífico" contra o impeachment de Dilma Rousseff terminou com acusações de "brutalidade" da polícia.

O portal também publicou vídeos das agressões, inclusive um do repórter da BBC que foi agredido por PMs mesmo depois de ter se identificado como imprensa. A matéria cita também um vídeo divulgado no Facebook que mostra um policial atirando na cabeça de um manifestante em Belém, no Pará.

Após a truculência da polícia, os organizadores dos atos, informaram que irão acionar os fóruns internacionais para exigir o fim da violência e da repressão ao movimento que cada dia mais cresce após o golpe contra a democracia e o voto popular que culminou no afastamento de uma presidente eleita pela maioria da população brasileira, sem que houve comprovação de crime de responsabilidade, conforme conta na Constituição Federal. Em mais uma luta, os movimentos sociais concordam que o direito legítimo de protestar deve ser preservado.