Requião cita Tancredo Neves: “Canalha! Canalha! Canalha!” 

A sessão de julgamento da presidenta eleita Dilma Rousseff foi reaberta, no início da tarde, após a apresentação dos advogados de acusação e defesa, com os discursos dos senadores. O senador Roberto Requião (PMDB-PR), ao se pronunciar, citou Tancredo Neves quando ele xingou Moura Andrade, que declarou vaga a Presidência com Jango ainda em território nacional, consumando o golpe de 1964: “Canalha! Canalha! Canalha!”. 

Requião cita Tancredo Neves: “Canalha! Canalha! Canalha!” - Agência Senado

O ministro Ricardo Lewandowski, que preside a sessão, disse que quer encerrar a fase de discussão do processo hoje. O julgamento, então, será iniciado na quarta-feira (31), com a leitura do relatório, encaminhamentos pelos senadores e depois a votação.

Até o momento, tem 66 senadores inscritos para falar. Cada um tem direito a 10 minutos para discursar. Os trabalhos deverão entrar pela madrugada.

A senadora Angela Portela (PT-RR) destacou em seu pronunciamento que o afastamento de Dilma Rousseff é o “funeral do voto popular”, com a “criminalização de um governo legitimamente eleito com a agenda de resgate da dívida social brasileira”. Já o senador Jorge Viana (PT-AC) elogiou a defesa feita por José Eduardo Cardozo, inocentando Dilma Rousseff dos crimes de responsabilidade.

Assim falou Tancredo

O senador Roberto Requião (PMDB-PR), que também já se pronunciou, recorreu à fala de Tancredo Neves na sessão que cassou João Goulart para iniciar sua análise do julgamento de Dilma Rousseff.

E citando o avô do tucano Aécio Neves (PSDB), um dos principais mentores do golpe, disse: “Não pretendo, nesta sessão, moderar a linguagem ou asfixiar o que penso. Não vou reprimir a indignação que me consome. ‘Canalha! Canalha! Canalha!’, assim Tancredo Neves apostrofou Moura Andrade, que declarou vaga a Presidência com Jango ainda em território nacional, consumando, assim, o golpe de 64.”

E continuou: “Duvido que um só de nós esteja convencido de que a presidenta Dilma deva ser impedida por ter cometido crimes. Não são as pedaladas ou a tal irresponsabilidade fiscal que a excomungam. O próprio relator da peça acusatória praticou-as, à larga, só que lá, em Minas, não havia um providencial e desfrutável Eduardo Cunha nem um centrão querendo sangue, salivando por sinecuras e pixulecos”.

Para Requião, “a inocência do relator é a mesma de Moura Andrade, declarando vaga a Presidência. Ah!, as palavras de Tancredo coçam-me a garganta. Este Senado está prestes a repetir a ignomínia de março de 64. O que se pretende? Que daqui a alguns anos se declare nula esta sessão, como declaramos nula a sessão que tirou o mandato de Goulart, e peçamos desculpas à filha e aos netos de Dilma?”, indagou.