Defensores do impeachment jamais se livrarão da pecha de golpistas 

Em sua coluna semanal na Folha de São Paulo, nesta terça-feira (30), a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) analisa o discurso da presidenta Dilma Rousseff na sessão de ontem (29). E destaca que aqueles que votarem “na farsa que eles chamam de impeachment” jamais se livrarão da pecha de golpistas. 

Defensores do impeachment jamais se livrarão da pecha de golpistas - Agência Senado

“As senadoras e senadores precisam refletir bastante sobre como querem ser reconhecidos pela história. Meus colegas, desculpem-me, mas aqueles que optarem pelo caminho da ilegalidade e da covardia jamais se livrarão da pecha de golpistas, que é como a história lhes brindará”, afirmou a senadora.

Nos últimos dias de debates antes da votação do golpe, quando chega ao ápice uma luta política de praticamente dois anos, a senadora enfatiza os três objetivos do afastamento da presidenta Dilma Rousseff do cargo para o qual foi eleita com 54 milhões do povo brasileiro: “parar as investigações da Lava Jato, interromper os programas sociais e voltar a aplicar a política derrotada quatro vezes nas urnas: o neoliberalismo, modelo pelo qual se pretende adotar o Estado mínimo, privatizações e ataque aos direitos dos trabalhadores.”

A senadora destacou que, em seu discurso desta segunda (29), no Senado, “a presidenta Dilma destacou o perigo que representa o golpe para as conquistas sociais dos últimos 13 anos; para o pré-sal; para o salário mínimo; para o piso das aposentadorias; para os direitos e garantias sociais previstas na CLT; para a conquistas das minorias.”

Dilma ressaltou ainda que "o que está em jogo no processo de impeachment não é apenas o meu mandato. O que está em jogo é o respeito às urnas, à vontade soberana do povo brasileiro e à Constituição", lembrou Vanessa.

Morte da democracia

Para a senadora, “ela (Dilma) foi perfeita no que diz respeito aos aspectos político, técnico e histórico. Frases como ‘cassar em definitivo meu mandato é como me submeter a uma pena de morte política’ e ‘hoje só temo a morte da democracia’, ficarão para sempre na história política do país.”

E destacou a forma altiva e corajosa com que a presidenta, ciente de que é vítima de uma farsa, enfrenta a situação. “Se junta ao povo, conversa com intelectuais, sindicalistas, lideranças populares e artistas. Enfrenta respeitosamente os senadores e senadoras. Enfim, luta como uma mulher!”, avalia a senadora.

E conclui fazendo um chamamento aos seus pares: “O Senado, portanto, está chamado perante o tribunal da história para decidir entre a defesa da democracia ou a consolidação do golpe parlamentar que jogará no lixo o voto de 54 milhões de brasileiros. Não nos prestemos a ser coveiros da democracia! É um caminho perigoso.”

Vanessa cita um caso histórico para convencer os colegas a votarem contra o golpe: “No golpe de 1º de abril de 1964, também havia parlamentares histriônicos que apostaram nas benesses de um novo arranjo político apartado do desejo das urnas. A história foi impiedosa com eles, os trata como escória. Isso é o que restou do senador Auro de Moura Andrade, que legitimou a sessão ilegal que cassou Jango, ou de Ranieri Mazzili, o interino que inaugurou a longa noite de presidentes sem voto.”