Randolfe: Eduardo Cunha é a razão do impeachment

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou na noite desta segunda-feira (29) que as razões reais do impeachment “se chamam Eduardo Cunha”. O parlamentar definiu também como “dúbia” a postura do PMDB no segundo mandato da presidenta Dilma Rousseff e enumerou acontecimentos em que o partido do presidente interino Michel Temer agiu em favor do golpe. 

Senador Randolfe Rodrigues - Beto Barata/Agência Senado

Randolfe começou a fala afirmando que está convencido das “impropriedades deste processo” que tem por razões reais a interferência de Eduardo Cunha.

A presidenta Dilma confirmou ao senador que quanto mais se fechava o cerco com acusações de lavagem de dinheiro e contas na Suíça sobre Eduardo Cunha mais ele pressionava para ser favorecido. 

A presidenta complementou que para tomar conhecimento das pressões de Eduardo Cunha bastava "olhar as páginas dos jornais brasileiros".
 

O processo de impeachment de Dilma foi acatado em dezembro do ano passado por Eduardo Cunha. Foi uma vingança contra o voto de deputados governistas pela cassação do mandato dele.
Dilma disse também que o diálogo que mantinha com o ex-presidente era no sentido de fazer com que avançassem as pautas do ajuste fiscal para a retomada da geração de emprego no país. Votações que foram boicotadas pela Câmara e substituídas por pautas-bomba.
“Sabemos que ele orientou o pedido de impeachment porque ele argumentava que tinha recusado vários pedidos de impeachment. Sem sombra de dúvida há uma mancha, um verdadeiro pecado original nesse processo, que tem marcado nele a impressão digital de todos os dedos do senhor Eduardo cunha”, ressaltou Dilma.
A lista de acusações se estende ao presidente interino Temer. Randolfe fez uma cronologia de fatos do final do ano até antes da admissibilidade do impeachment que colocam o PMDB como protagonista do golpe.
“Além da postura do senhor Eduardo Cunha fica evidente a postura dúbia do PMDB desde o segundo mandato. Exigiu mais ministérios, chegando a ocupar sete, e apresentando propostas políticas às elites brasileiras”, enumerou. 
Randolfe mencionou ainda a carta divulgada por Michel Temer no início do ano em que ele se queixa de ser um vice decorativo, as gravações de aúdio do diretor da Transpetro, Sérgio Machado, com articulações de lideranças do PMDB ligadas a Temer para conter a operação Lava Jato.
“Temer divulga áudio em que comemora o resultado da primeira votação do impeachment antes da votação acontecer. Não custa lembrar que Temer foi denunciado por Delcídio e implicado na delação de Marcelo Odebrechet”, acrescentou Randolfe.
Ele se dirigiu à Dilma dizendo que o fato de ter sido oposição ao governo de Dilma dá a ele a tranquilidade de dizer de que lado da história ele vai estar. “Eu escolho entrar pela porta da frente da história”.
O senador parabenizou a coragem demonstrada por Dilma durante o processo do golpe e citou Winston Churchill: “É um ato de coragem que, segundo Churchill, é a primeira virtude de um estadista”.

Por Railídia Carvalho