Para senadoras, Dilma paga por investir em educação e ser mulher 

“Na minha modesta biografia como professora do sertão nordestino me nego a colocar meu nome nesta farsa e seguiremos junto ao seu lado nesta luta pela democracia”, discursou a senadora Fátima Bezerra (PT/RN) na noite desta quarta-feira (29) no Senado durante o julgamento do golpe contra a presidenta Dilma Rousseff. A senadora Regina Souza (PT/PI) discursou depois de Fátima e lembrou que a presidenta está sendo vitimizada por ser mulher e de esquerda. 

Por Railídia Carvalho

Parlamentares contra o golpe - Alessandro Dantas

“É um recado para todas as mulheres que lutam contra o machismo, o patriarcado, o colonialismo arraigado neste país. Com o impedimento eles dizem mulher não pode, destoa da sinfonia do concerto oficial”, declarou Regina. 

A senadora piauiense afirmou que Dilma é vítima de “uma trama do TCU”, dos maus perdedores nas últimas eleições e da vingança do deputado réu Eduardo Cunha, quando Dilma não cedeu às chantagens do parlamentar afastado. 
“É vitima também de uma parcela da grande mídia que inflava notícias negativas contra a senhora, que parava a novela e o jornal nacional pra transmitir manifestações contra a senhora. Hoje está transmitindo flashes e ensinando receita de ovo cozido”, exemplificou.
Distorção da imagem

A presidenta Dilma que, durante o discurso da manhã, agradeceu a solidariedade das mulheres brasileiras, afirmou que mesmo não sendo a única razão para o afastamento dela, o processo traz “um componente de misoginia”.
Segundo a presidenta, construíram em torno da imagem dela “um nível de desumanização muito alto”. Ela respondeu que não está traumatizada e não toma remédios, como “dizem por ai”.
“Eu não fico traumatizada com este processo. A minha vida me ensinou. E é por isso que eu sou a mesma mulher que resistiu à ditadura. Não temos outra hipótese a não ser o que diz Guimarães Rosa que a vida requer da gente é coragem. É a maior verdade para a vida social e política”, enfatizou.
Investimentos em Educação
A senadora Fátima Bezerra afirmou que Dilma está sendo acusada por destinar recursos à Educação. A parlamentar citou entre os avanços do mandato de Dilma a sanção do Plano Nacional de Educação (PNE) sem vetos, a expansão dos institutos federais, a lei de cotas e a destinação de 75% dos royalties do pré-sal para a educação.
 
“Como presidente a senhora deu continuidade e aprofundou o legado do presidente Lula. Conquistas, aliás, que estão ameaçadas pelo consórcio golpista que quer congelar as despesas públicas por 20 anos e enfraquecer programas como Pronatec e Ciências Sem Fronteiras”, enumerou Fátima.
Na reposta a senadora, Dilma lembrou que os investimentos na Educação foram “uma das características mais importantes do governo dela e do ex-presidente Lula”.
Futuras gerações

“Tenho muito orgulho do Pronatec, que hoje está suspendo, e dos 101 mil estudantes que foram para o exterior nas 100 melhores escolas de ensino superior do mundo. Esses 101 mil são um legado para as futuras gerações e seus resultados vão se mostrar daqui pra frente”, explicou Dilma.
A presidenta acrescentou que ao longo dos governos dela e de Lula foram aplicados 54 bilhões a mais de recursos para a educação. Dilma citou a consolidação do Enem e das 402 escolas técnicas criadas nos mandatos do PT interiorizando a educação em todo o país.
Dilma finalizou citando a criação do fundo do pré-sal que destinou 75% dos royalties do pré-sal para a educação e 25% para a saúde. “Chamamos de passaporte para o futuro porque sabemos que mesmo o investimento que fizemos a mais não é suficiente”.
 

Assista abaixo o discurso da senadora Regina Souza: