Lindbergh vê tribunal de exceção e golpe de classe

Em sua pergunta à presidenta Dilma Rousseff, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) defendeu que ela é vítima de um “tribunal de exceção”, no qual as provas “não valem nada”. O senador disse que todos sabem que a presidenta não cometeu crimes de responsabilidade e apontou os interesses que motivaram o impeachment. Para ele, trata-se de um golpe não só contra Dilma e contra a democracia, mas contra os mais pobres, os trabalhadores. “É um golpe de classe”, disse.

Lindbergh Farias - Foto: Agência Senado

“A senhora está aqui, novamente de cabeça erguida, procurando Justiça, enfrentando um julgamento exceção, onde provas não valem nada”, disse, no Senado. De acordo com ele, contudo, em sua fala na Casa, Dilma está explicitando o que de fato ocorre no país. “A senhora virou o jogo, está desmontando o golpe, comovendo o país”.

Lindbergh Farias classificou o processo de impeachment como uma conspiração, liderada pelo presidente interino Michel Temer e o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e afirmou que o impeachment foi idealizado “a partir do dia em que o PT decidiu cassar o mandato de Eduardo Cunha”.

"Eu acuso Eduardo Cunha e Michel Temer de liderarem uma conspiração parlamentar contra o seu mandato, que culminou naquela sessão de 17 de abril, que foi chamada de uma assembleia de bandidos comandada por um bandido", disse, em uma referência ao célebre "J'accuse", do escritor francês Émile Zola.

Ele apontou ainda como responsáveis pelo golpe as elites econômicas do país, grandes empresas de mídia e o PSDB, que não teria aceitado o resultado das eleições.

Em sua resposta, a presidente destacou duas razões que enxerga para o impeachment: a intenção política de paralisar a Operação Lava-Jato e o interesse econômico de aliviar os impactos da crise do país sobre a classe empresarial, em detrimento do povo.

“Em toda crise há um conflito distributivo. Essa questão ficou clara quando o pato apareceu nas ruas. Quem paga o pato? Alguns acreditam que só são os trabalhadores, a população mais pobre, as classes médias, os profissionais liberais, os pequenos empresários. Não é possível”, disse Dilma.

Segundo ela, o governo interino e seus aliados tentam aplicar um programa ultraliberal na economia e ultraconservador nos costumes, que adota uma pauta reacionária. “Esse golpe é porque não chegariam a partir das urnas ao poder com essa proposta”, acusou.