Requião alerta para “interesses fisiológicos” no julgamento de Dilma 

“É o Brasil que está em jogo. É o nosso patrimônio energético que está em jogo. Não é o mandato da Presidente Dilma Roussef”, discursou o senador Roberto Requião (PMDB-PR), na sessão de julgamento do impeachment da presidenta eleita Dilma Rousseff, nesta segunda-feira (29), no Senado. E acrescentou: “É uma ilegalidade absoluta. Não há crime. Isso aqui é um simulacro de júri, em que os interesses fisiológicos vão ser discutidos.” 

Requião alerta para “interesses fisiológicos” no julgamento de Dilma - Agência Senado

A pergunta do peemedebista à presidenta foi se “algum Senador do meu Partido, no exercício do Ministério do seu Governo, contestou, alguma vez, a sua política econômica? Fez um reparo nas reuniões ministeriais? Se não, por que reparam agora? Por que cargas d'água estão pedindo o impedimento da Presidente?” e ele mesmo respondeu: “Para atender às embaixadas dos grandes países, o interesse da banca e a miserável fisiologia que domina o Congresso Nacional.”

Para o senador, “é a democracia que está sendo julgada, é um projeto soberano de construção do Brasil. E digo isso porque não há a menor possibilidade de a Presidenta ter cometido um crime.”

Ao final de sua fala, o peemedebista fez um apelo aos senadores: “Espero 31 Senadores, patriotas e com caráter, dizendo"não" a esse absurdo.”

Proposta do governo golpista

Requião criticou a proposta “do Governo do meu amigo Michel Temer” de “congelar despesas da União por 20 anos – não se pode mais nascer, não se pode mais estudar, não se pode melhorar o ensino e não se pode melhorar a saúde”, destacando ainda as proposta de privatização do patrimônio: a entrega do petróleo; a privatização da água etc.

O senador explicou que essa crise, que é apontada como “o conjunto da obra”, motivo apontado pelos golpistas para afastar a presidenta do cargo para o qual foi eleita pelo povo, “não é uma crise só do Brasil. Ela começa na Europa com a reação contra o Estado social que surge contra o nazismo, o Estado social do direito das mulheres, dos trabalhadores, o Estado social que retira a força brutal do capital, e esse, então, reage num tripé de intenções.”

Primeiro, a precarização do Executivo, que passa a ser substituído pela ideia tola de um Banco Central independente; o Governo, mero repressor de manifestações populares. Em segundo lugar, o Parlamento, contaminado pelo financiamento de empresas de campanha, com Deputados e Senadores transformados em mandaletes dos interesses que financiam seus partidos e suas eleições. E o terceiro e mais terrível tripé é a precarização do trabalho, o convencionado sobre o legislado, e, numa crise recessiva, uma espécie de revogação de todos os direitos trabalhistas.