Coreia Popular: "Hoje é preciso ter a capacidade de dissuasão nuclear"

A embaixada da República Popular Democrática da Coreia no Brasil enviou ao site Resistência, da Secretaria de Política e Relações Internacionais do PCdoB, um conjunto de artigos abordando diversos aspectos da história e da realidade coreana.

Unidade feminina do Exército desfila em Pyongyang com a bandeira do Partido do Trabalho da Coreia

Confira abaixo artigo sobre a hecatombe de Hiroxima e Nagasaki e o poder nuclear:

Transcorreram mais de 70 anos desde que a humanidade viveu o primeiro desastre nuclear que, apesar das mudanças de gerações e do século, ainda atemoriza os povos.

No dia 6 de agosto de 1945, Paul W. Tibbets, coronel da força aérea estadunidense, desde o seu avião Enola Gay, lançou a Bomba A sobre Hiroxima, no Japão, que naquele tempo não era considerada como um importante ponto militar estratégico e não possuía quase nada de proteção antiaérea. A bomba detonou após 45 segundos de seu lançamento, à altura de 600 metros da superfície. Houve uma explosão tremenda, vista também pela tripulação da aeronave, e seguiu-se a extensa nuvem de cogumelo. Hiroxima, num instante, foi reduzida a um caldeirão incandescente. Cerca de 260 mil pessoas morreram.

No dia 9 do mesmo mês foi lançada a segunda bomba atômica sobre Nagasaki, devastando completamente a cidade.

“Os americanos perpetraram horrores, são absolutamente loucos!” bradaram os físicos atômicos alemães, que naquele momento estavam na Inglaterra, ao saber da explosão da bomba atômica, segundo testemunhos. “Isso me conforta”, disse Otto Hahn, cientista alemão, expressando seu sentimento de alívio pela boa sorte dos alemães por não terem sido os primeiros a fabricar a bomba atômica, arma diabólica.

Um assistente de Roosevelt, presidente estadunidense, expressou: “Usamos pela primeira vez a bomba atômica, colocando-nos à mesma altura moral dos selvagens medievais. ”

Hiroxima nunca se restabeleceu completamente das consequências do desastre atômico, as vítimas sofrem dificuldades incalculáveis. Cerca de 500 mil japoneses sofreram a radiação, em quantidades diversas, muitos milhares morreram pelas enfermidades ocasionadas pela radiação e dezenas de milhares de crianças ficaram incapacitadas e deformadas.

A contínua ameaça nuclear

Após os massacres como o pesadelo de Hiroxima e Nagasaki, os Estados Unidos não só não renunciaram ao uso da bomba termonuclear, mas também revisaram várias vezes possíveis maneiras para a sua aplicação.

Na Guerra da Coreia, na década de 1950, os EUA ameaçaram a República Popular Democrática da Coreia (RPDC) com o uso da bomba nuclear. Assim também ocorreu na crise do Líbano, de 1958 e 1968 e durante as operações no Laos e no Vietnã quando os EUA, para salvar suas unidades marinhas sitiadas, consideraram o uso de armas nucleares.

Em meados do século 20, ocorria no nosso planeta o confronto nuclear entre as duas maiores potências mundiais, os Estados Unidos e a antiga União Soviética.

Em 1980, o império previu que sua discordância com a União Soviética, ocorrida no Golfo Pérsico, poderia enveredar para uma guerra nuclear porque não renunciaria ao uso de armas nucleares.

Um oficial que no Pentágono ocupava-se do planejamento de estratégias, disse que, durante a crise do Caribe de 1962 vira com seus próprios olhos os planos militares, segundo os quais os Estados Unidos iriam desencadear uma guerra nuclear global, sendo os golpes iniciais com armas termonucleares dirigidos à União Soviética, e acrescentou:

Os chefes de Estado conjecturaram sobre o fato de que a hostilidade poderia causar 325 milhões de mortes na Rússia e na China, e mais de 500 milhões quando se considerava, a suposta vingança da Rússia ao golpe. A guerra entre duas potências nucleares não se concretizou, porque ficara muito claro que a hostilidade resultaria no co-extermínio.

Nos dias de hoje é preciso ter a capacidade de dissuasão nuclear

Um especialista em física nuclear, ganhador do Prêmio Nobel da Paz, que havia se dedicado ao desenvolvimento da bomba atômica, em entrevista à NHK, declarou:

“Não aprovo a eliminação das armas nucleares, não se pode eliminá-las por completo. Foi a capacidade de dissuasão nuclear que impediu a guerra “.

Sua palavra, ao que parece, faz mais sentido hoje, mais de 10 anos após o início do novo século, o século 21.

Ao final do século passado, juntamente com a Guerra Fria, terminou também o confronto nuclear entre os Estados Unidos e a antiga União Soviética, dando origem à aguda confrontação entre o império e a República Popular Democrática da Coreia. Este país socialista, frente à franca tentativa imperialista de ataque com armas nucleares, optou pela preparação de sua capacidade de dissuasão nuclear e hoje tem estado na linha da frente das potências nucleares, inclusive com a bomba de hidrogênio.

Esta é a razão pela qual os EUA, ainda que odeiem a RPDC, com o brilho do ódio aceso em seus olhos, não sem atrevem a retaliações.

A escolha da Coreia foi cem por cento correta, e pode ser comparada na atualidade no Iraque e na Líbia que, numa tentativa de escapar à agressão e confronto dos Estados Unidos, resolveram por si sós destruir seus mísseis e renunciar ao plano nuclear previamente estabelecido e ficaram completamente tomados pelas agressões e invasões do império e do Ocidente.

Atualmente os Estados Unidos, o primeiro país a possuir a bomba atômica e o único do planeta a detoná-la, continuamente expõe sua capacidade nuclear para intimidar outros países. Para resolver esta questão, é inevitavelmente necessária uma dissuasão nuclear poderosa e somente se isso for alcançado, será possível evitar a guerra termonuclear no mundo. Estas são, precisamente, as mais graves exigências do mundo de hoje.