Senadora mostra golpe da elite brasileira para assumir o poder 

“O que é a luta política senão a busca do poder e a disputa de projetos que servem a determinadas classes sociais?” Esse é o questionamento que a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) responde em sua coluna semanal da Folha de S. Paulo, nesta terça-feira (23), intitulada “Disputa de projetos”.  

Senadora mostra golpe da elite brasileira para assumir o poder - Agência Senado

E nessa disputa de poder, a parlamentar aponta – sem surpresa – que os registros históricos indicam que a elite econômica do Brasil sempre tentou interromper, pela violência, o mandato de todos os presidentes que procuraram executar projetos de interesse popular. Assim foi com Vargas, Jango e Lula.

Os métodos são sempre abomináveis, destaca a senadora, enfatizando que “para eles pouco importa”. E acrescenta que “recorrem a qualquer expediente, mas, para iludir o povo, sempre levantam bandeiras de apelo popular, como o combate à corrupção, cujo objetivo é desviar a atenção de seus reais propósitos – reassumir o poder político e voltar a executar a política de interesse exclusivo da elite econômica”.

No processo de impeachment da presidenta eleita Dilma Rousseff, a elite brasileira volta a agir para emplacar o seu projeto de poder, “sob igual script e diapasão”, avalia Vanessa. E, em seguida, condena-a, por não aceitar o resultado das urnas e tentar executar mais um golpe contra a democracia, desta vez por via parlamentar.

“O objetivo é o de sempre: realizar reformas profundas para reduzir direitos sociais, trabalhistas e previdenciários. Retomar as privatizações e entregar nossas riquezas naturais ao capital estrangeiro”, diz a senadora.

“Querem arrancar da Constituição o preceito que consagrou a saúde e a educação como direitos universais e mudar a CLT, para assegurar que o negociado tenha prevalência sobre o legislado”, afirma Vanessa.

E cita a PEC 241, em tramitação, como o maior exemplo do desmantelamento das conquistas sociais e da implantação do Estado mínimo. Ao proibir aumento de gastos públicos por 20 anos, reduzirá, consideravelmente, as despesas com investimentos e serviços públicos. Segundo estimativa da consultoria do Senado, somente em educação e saúde deixariam de ser aplicados R$ 255 bilhões e R$ 168 bilhões, respectivamente, caso essa regra já estivesse em vigor no período de 2015 a 2018.

Essa PEC tenta passar a ideia de que o problema fiscal do país decorre das despesas com pessoal, que, no ano passado, chegou a R$ 238,5 bilhões, e programas sociais, com R$ 241,3 bilhões, quando todos sabem que a causa central está na astronômica despesa do pagamento de juros da dívida pública, que chegou em 2015 a R$ 501,8 bilhões, o dobro de 2013, que foi de R$ 248,9 bilhões.

Para a senadora, as maldades do governo golpista e seus aliados não param aí. “Eles já anunciam outras medidas tão ou mais danosas às camadas populares, como a reforma da previdência e a desvinculação dos benefícios sociais e previdenciários do salário mínimo”.

E conclui que “além do desrespeito aos princípios mais elementares da democracia, esse governo ilegítimo está preparando um retrocesso sem precedentes em nossa história, baseado num modelo já testado e reprovado no mundo: o neoliberalismo”.