Pasquale sobre infeliz comentário de Carmem Lúcia: "É presidente ou presidenta"

 Em artigo publicado nesta quinta-feira (18), na Folha de S. Paulo, o professor de português Pasquale Neto fez uma esclarecedora análise sobre o uso da palavra "presidenta". O assunto voltou a ser destaque após a ministra Carmem Lúcia, Supremo Tribunal Federal, ao ser chamada de 'presidenta' por Ricardo Lewandowski, responder: "Eu fui estudante e eu sou amante da língua portuguesa, eu acho que o cargo é de presidente, não é não?".

A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), rejeitou hoje (15) pedido do Instituto de Advocacia Racial e Ambiental (Iara) para que seja obrigatória a reserva de 20% das vagas para pardos e negros em concursos públicos do Legislativo e Judiciário.

Pasquale foi enfático: "'Data venia', Excelência, o cargo é de presidente ou presidenta".

"Essa questão atormenta o país desde que Dilma Rousseff venceu a primeira eleição e disse que queria ser chamada de "presidenta", porque, para ela, a forma feminina acentua a sua condição de mulher, a primeira mulher a presidir o país. Esse argumento me parece frouxo e um tanto infantil. O que acentua o fato de Dilma ser mulher é justamente o fato de ela ser mulher, mas respeito a escolha dela e os que acham justo esse argumento", pontuou.

Sobre o comentário infeliz da ministra, Pasquale enfatiza: "Tenho profundo respeito pela ministra Cármen Lúcia, não só pela liturgia do cargo, mas também e sobretudo pela altivez com que o professa. Justamente por isso, ouso dizer que teria sido melhor ela ter dito simplesmente “Prefiro presidente”.

Pasquale reforça no artigo que não se pode ditar 'regras' linguísticas totalmente desprovidas de fundamento técnico. "Mas foi justamente isso o que mais se viu/ouviu/leu desde que Dilma manifestou a sua preferência por "presidenta", forma que não foi inventada por ela. Na bobajada que se lê na internet, o argumento mais frequente é justamente o da inexistência de "serventa", "adolescenta" etc., como se a língua fosse regida unicamente por processos cartesianos", frisou.

O professor aproveitou para rebater as boatarias promovidas nas redes sociais, que usam o seu nome para agredir a presidenta Dilma com argumentos para defender o uso exclusivo da palavra 'presidente'. No ano passado, um boato na internet atribuía a Pasquale a seguinte declaração: "Falou 'presidenta', já sei que é retardado".

"Aproveito para lembrar que não tenho feicibúqui, tuíter, instagrã etc., portanto toda a bobajada internética a mim atribuída é falsa. É isso", rebateu.