Metalúrgicos do ABC resistem contra demissões na Mercedes

No dia 12 de agosto a Mercedes-Benz de São Bernardo do Campo anunciou duas mil demissões na fábrica. Com a paralisação da produção nesta segunda-feira (15), a decisão agrava o desemprego no país, que soma hoje cerca de 11 milhões e 500 mil desempregados. O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC realizou na tarde desta quarta-feira (17) reunião com a diretoria da empresa. Na quinta-feira (18), às 7h, será realizada nova assembleia dos trabalhadores. 

Por Railídia Carvalho

Assembleia em defesa do emprego no ABC - Adonis Guerra/SMABC
Atualmente a Mercedes de São Bernardo possui 9 mil trabalhadores, dos quais 98% estão em licença remunerada desde a segunda-feira (15).

Permanecem trabalhando apenas funcionários das chamadas áreas essenciais como segurança, por exemplo.

Do total de trabalhadores, os que são considerados pela empresa mão de obra excessiva estão recebendo cartas comunicando a rescisão. 

Também na segunda-feira, a montadora anunciou a paralisação da produção na unidade. O argumento para as demissões é a queda na venda de veículos.

O Portal Vermelho conversou nesta terça-feira (16) com Rafael Marques, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, durante o ato das centrais de trabalhadores em defesa do emprego, da Previdência Social e da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), na Avenida Paulista.

O dirigente fez um apelo às centrais presentes na manifestação em prol dos metalúrgicos do ABC. “Uma vitória contra a Mercedes é uma vitória que dá rumo à classe trabalhadora”, disse Rafael.
Alternativas à demissão
Ele contou que a decisão da Mercedes causou indignação porque é possível achar um caminho que não seja a demissão. “Demitir é mais fácil pra ela”, avaliou. 
Rafael reconheceu a quebra da atividade econômica no país, mas lembrou que existem instrumentos de negociação entre empresa e sindicato que podem ser acionados. 
Entre os instrumentos estão o Programa de Proteção ao Emprego (PPE), adotado pela empresa há seis meses para evitar demissões.
Agrava o desemprego

“A decisão é contra o país porque ela não faria isso na Alemanha em hipótese alguma. E é contra o histórico da relação capital e trabalho da própria Mercedes Benz que está no Brasil há 60 anos”, argumentou o sindicalista.

Para ele o momento é de organizar a resistência e superar os obstáculos à unidade. Rafael lembrou que a licença remunerada é uma forma de “quebrar a unidade e a força do pessoal de resistir” e acrescentou: “No que depender de nós a luta vai ser longa”.