Nadia Comaneci e a manipulação da história pela mídia capitalista

Aproveitando a abertura dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, a Televisão Nacional Romena (TVR) divulgou um documentário tendencioso sobre a ginasta Nadia Comaneci, que em 1976, nos Jogos de Montreal, conseguiu o primeiro 10 da história na prova de barras assimétricas – e o fez em sete ocasiões durante aqueles jogos –, obtendo deste modo o ouro olímpico em três modalidades (individual geral, barras assimétricas e solo).

Selos da Romênia Socialista que comemoram façanha de Nadia Comaneci

A ginasta se converteu desde então em um mito do esporte, também na Romênia Socialista de então, onde o esporte, ao contrário de agora, tinha uma grande importância na educação na sociedade, sem que estivesse submetido ao negócio, como no Ocidente. Na realidade, em todos os países socialistas a formação, a cultura e o esporte são as bases da educação, algo que se concretiza nas vitórias de seus representantes em todos os setores.

O esporte romeno obteve suas maiores glórias durante os anos socialistas, em especial nas Olimpíadas de Montreal (1976), Moscou (1980), Los Angeles (1984) e Seul (1988), começando um lento declínio desde então, que corresponde ao que aconteceu nos setores sociais, econômicos, culturais e, inclusive, demográfico.

Em relação ao esporte, das 302 medalhas olímpicas conquistadas por esportistas romenos, 200 foram obtidas nos 10 jogos celebrados de 1945 a 1989 (Romênia Socialista) e só 102 durante as outras 10 competições.

Em todo caso, nas últimas edições, Pequim 2008 e Londres 2012, foram conquistadas apenas 8 e 9 medalhas, respectivamente. Um número ridículo se comparado com os resultados daquela época, em que os trabalhadores mantinham a burguesia na lata de lixo da história.

Os êxitos destes trabalhadores, durante os anos nos quais se tentou construir um estado socialista, são permanentemente negados e ocultados pelos meios de propaganda da ditadura do capital, tanto no que se refere às conquistas econômicas (Romênia entre as 10 economias industriais do mundo, pleno emprego, economia praticamente autossuficiente), como os sociais (erradicação do analfabetismo, primeira potência científica, redução da mortalidade infantil e aumento do nível de vida etc…), como também aos esportivos.

Neste sentido, o documentário exibido durante a abertura dos Jogos do Rio, de título ilustrativo: "A Ginasta e o Ditador", tenta mostrar Nadia Comaneci como uma "vítima do regime", quando na realidade ela foi um dos seus frutos.

E não é só isso. A manipulação nauseabunda da história que as mídias da ditadura do capital realizam chega a ponto de tentar desvincular o mito esportivo, que foi Nadia Comaneci, do Socialismo, apesar dela ser um dos produtos do sistema econômico do país. No documentário "A Ginasta e o Ditador", os editores são tão atrevidos que até trocaram o hino da República Socialista da Romênia, tocado na cerimônia de entrega de medalhas da prova de barras assimétricas em Montreal 1976, pelo hino imposto depois do golpe de Estado de dezembro de 1989, com um hediondo odor fascista, em uma manobra que ilustra a falta de escrúpulos que define a oligarquia romena atual, capaz de qualquer mentira ou falsificação para evitar que os maltratados e humilhados romenos voltem seus olhos para tudo que foi perdido nestes 26 anos de desastre capitalista (emigração maciça, destruição da indústria, pobreza extrema, analfabetismo, reaparecimento de doenças como a tuberculose, aumento da mortalidade etc…).

É preciso lembrar, para terminar, que Nadia Comaneci tinha 14 anos em Montreal 1976, sendo, como dissemos, a primeira ginasta da história a conseguir uma nota 10 na competição (e o fez em sete ocasiões nestes jogos) conseguindo três medalhas de ouro (individual general, barras assimétricas e trave), uma medalha de prata (geral por equipes) e uma de bronze (solo). Na Romênia, lhe foi outorgada uma medalha de Heroína do Trabalho Socialista, sendo a pessoa mais jovem a receber essa distinção.