Fórum Social Mundial terá país rico como sede pela primeira vez

Ativistas do mundo inteiro estão em Montreal, desde terça-feira (9), para participar da 12ª edição do Fórum Social Mundial (FSM). Pela primeira vez o evento, criado em Porto Alegre em 2001, será realizado em um país do norte e membro do G7. O objetivo é dar um novo impulso ao movimento.

12ª edição do Fórum Social Mundial é realizada em Montreal, Canadá

A 12ª edição do FSM começou com a marcha que abre todos eventos desde 2001, no centro de Montreal. A principal cidade do Quebec, região canadense de fala francesa, sediará o Fórum durante seis dias. Estão presentes representantes de mais de 5 mil associações de todo o planeta.

O FSM se define fundamentalmente como "um espaço de encontro que visa aprofundar a reflexão" e é integrado por "instâncias e movimentos da sociedade civil que se opõem ao neoliberalismo", definiu o coordenador do Coletivo do Fórum, Raphael Canet.

Anti Davos

O primeiro FSM de Porto Alegre se posicionou principalmente como um "anti Davos", em alusão ao Fórum Econômico Mundial, que reúne anualmente nesta rica cidade dos alpes suíços grandes empresários e chefes de Estado e de governo.

O custo da viagem até o Canadá é um dos fatores que determinaram uma presença menor que em outras ocasiões. Os organizadores ressaltam também que mais de 200 conferencistas e delegados estrangeiros convidados para o encontro não tiveram visto para entrar no Canadá.

Entre eles, estão a militante do Mali, Aminata Traoré, o presidente do Sindicato Palestino de Funcionários dos Correios, Imad Temiza, e o dirigente da central sindical brasileira CUT, Rogério Batista.

Entre a terça-feira e domingo (14), mais de mil organizações da sociedade civil de 118 países realizarão cerca de 1.200 atividades autoadministradas em diversos espaços da cidade, sobretudo nas grandes universidades.

"As alternativas econômicas, sociais e solidárias diante da crise capitalista; A defesa dos direitos da natureza e a justiça ambiental; As migrações e a cidadania sem fronteiras; Os direitos humanos e sociais.” Estes serão alguns dos 13 temas abordados durante o encontro.

Participação brasileira

Entre os cerca de 80 conferencistas previstos estão o vice-presidente boliviano Álvaro García Linera, a jornalista ambientalista canadense Naomi Klein e o filósofo francês Edgar Morin.

A delegação do Brasil, onde o FSM nasceu há mais de15 anos, em Montreal é significativa. Além de Francisco Whitaker, um dos criadores do Fórum de Porto Alegre, vários ativistas brasileiros estarão presentes. Destaque para a mesa “Desafios e estratégias internacionais de luta pela democracia no Brasil” que vai denunciar o golpe em curso no país.

Em seus 15 anos de existência, o FSM foi realizado sobretudo em Porto Alegre, mas também em Belém (Pará), no Mali, Índia, Paquistão e duas vezes na Tunísia. Os organizadores afirmam ter escolhido Montreal este ano em função do alto grau de ativismo de sua sociedade civil e seu contato com movimentos recentes, oriundos de outras partes do mundo, como os indignados espanhóis, o americano Occupy Wall Street e o francês Nuit Debout.