Argentinos exigem libertação de Milagro Sala depois de 200 dias

A líder indígena argentina Milagro Sala está presa há 200 dias em “medida preventiva” por um suposto caso de corrupção. A acusação contra a dirigente da organização Tupac Amaru é sobre a atuação dela em uma manifestação em frente ao palácio do governo da província de Jujuy, onde os membros do entidade pediam uma audiência com o governador para falar sobre um programa de moradias populares.

Milagro Sala - Majo Malvares

Milagro foi presa dentro de casa no dia 16 de janeiro deste ano com uma operação policial desproporcional, que contou com mais de 40 oficiais. Diante do exagero da ação e da falta de argumentos da Justiça para mantê-la atrás das grades, até o papa Franciso intercedeu junto ao governo argentino para pedir a libertação da dirigente que também é deputada eleita do Parlasul, o Parlamento do Mercosul.

O juiz responsável pela detenção de Milagro, Raúl Gutiérrez, alega “instigação a cometer delitos e tumultos em vias públicas”. Esta é a interpretação dele sobre um acampamento da Tupac Amaru montado em uma praça, próxima ao palácio do governo, como forma de pressionar o governador de Jujuy, Gerardo Morales.

Para ativistas dos direitos humanos da Argentina e de outros países, a detenção de Milagro trata-se de uma criminalização dos movimentos sociais e uma forma de coibir os protestos contra as medidas autoritárias de do presidente Mauricio Macri. A dirigente indígena é a primeira presa política desta nova argentina.

Milagro 200 dias depois

A advogada de Milagro, Elizabeth Gómez Alcorta, afirma que a detenção é um procedimento irregular porque “para manter uma pessoa presa tem que ter provas de que o fato existiu, de que o fato é um delito e da responsabilidade da pessoa sobre este fato, além disso, de que existe um risco de que a pessoa pretende fugir. E nada disso acontece neste caso, nem há causa alguma contra Milagro Sala até agora”, esclareceu.

Além disso, trata-se da detenção de uma parlamentar, que conta com imunidade do parlamento, portanto é uma ação ilegal e “por razões políticas”, explica Elizabeth.

“A lei em Jujuy não existe e isto é algo sumamente grave em termos de um Estado de direito. Nos deixa uma sensação de absoluta vulnerabilidade porque as leis nãos e aplicam em Jujuy”, denuncia a advogada.

Além de Milagro, outros seis membros da organização Tupac Amaru foram presos 48 horas depois da detenção da dirigente e permanecem no cárcere.