Pimenta: Temer manobra para salvar Cunha e ocultar acordos

O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) denunciou nesta quarta-feira (27) articulações feitas pessoalmente, segundo ele, pelo presidente interino, Michel Temer, para que a votação da cassação do mandato de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) só ocorra depois da decisão do Senado sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff.

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Além disso, Pimenta diz que Temer vem trabalhando para que a sessão que deve tirar o mandato de Cunha seja realizada "da maneira mais discreta possível", na madrugada, com plenário vazio e sem grande cobertura da mídia. "As informações que circularam na Câmara no dia de hoje e que foram confirmadas por interlocutores do Planalto, de que Temer está agindo e pressionando deputados para adiar a votação, são muito graves e acenderam a luz amarela", afirmou Pimenta.

Na semana passada, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que a sessão para votar o mandato de Cunha deve ser realizada na segunda semana de agosto, o que seria antes da votação do impeachment. Para o petista, o temor de Temer é que, uma vez cassado, Cunha revele os acordos e as chantagens políticas firmadas para garantir o golpe, piorando a imagem do governo interino.

"Se for cassado, Cunha já avisou que não vai pagar a conta do golpe sozinho e que vai entregar tudo o que sabe, fazendo desmoronar, ainda mais, o governo interino", diz Pimenta. "Já por outro lado, se o plano de Temer para adiar a votação der certo, ficará mais nítido que o golpe foi para garantir impunidade a Cunha e políticos investigados e réus no STF", acrescenta.

A fim de evitar o adiamento da votação contra Cunha e impedir que a sessão ocorra durante a madrugada, Pimenta protocolou na Secretaria-Geral da Mesa Diretora da Câmara nesta quarta mais um pedido para que a votação ocorra num domingo, nos mesmos moldes da votação do impeachment.

"Queremos toda cobertura da mídia e também que um púlpito seja colocado no plenário para que os deputados e deputadas sejam chamados um a um para votar em alto e bom som no microfone, e a população possa saber quem defende Cunha. Nada de sessão na calada da noite, como quer Michel Temer", cobrou o parlamentar.

Pimenta defende que a sessão seja marcada para o dia 14 de agosto, o segundo domingo do mês. "Na próxima segunda-feira (1º), logo na reabertura dos trabalhos legislativos, vamos exigir que a Mesa esclareça o rito a ser adotado para cassação de Eduardo Cunha", acrescentou Pimenta.