Dilma: Contra golpe, todas as propostas democráticas são legítimas

Ao receber representantes da Frente Brasil de Juristas pela Democracia, a presidenta eleita Dilma Rousseff disse, nesta terça (5), que está aberta a todas as iniciativas para derrubar “o golpe em curso”, incluindo a realização de plebiscito sobre a antecipação das eleições. Segundo ela, na “guerra” para matar o “parasita”, “todas as propostas do campo democráticas são legítimas”.

Dilma com juristas - Roberto Stuckert Filho / Presidência da República/Divulgação

“Temos de estar abertos para qualquer proposta, seja plebiscito, eleições gerais, eleição presidencial. E tem de tentar unificar. O que não é possível é a proposta de eleição indireta que virá”, afirmou, de acordo com reportagem de O Estado de S. Paulo.

Caso o impeachment seja confirmado no Senado e o agora presidente provisório renuncie ou seja afastado após metade do cumprimento do mandato presidencial, a legislação estabelece que o próximo governante seja escolhido de forma indireta, pelo atual Congresso.

Para Dilma, a reunião com os juristas é “uma grande conquista” e é preciso aproveitar a unidade que se formou em torno do grupo em defesa da democracia. “Já que deram [o golpe] é hora de a gente ser capaz de construir essa frente e usá-la para criar a unidade entre nós”, disse.

A presidenta eleita avaliou ainda que a resistência ao impeachment está crescendo a cada dia, e ressaltou que o maior objetivo deve ser a discussão no Senado, que analisa o processo de impedimento.

Segundo O Estado de S. Paulo, Dilma defendeu que os juristas se integrem ao debate na Câmara Alta. “Uma parte dessa briga é lá no Senado (…) e tem regras próprias. Acho que a gente tem de ser capaz de fazer uma interação de vocês com o Senado”, disse.

O jornal afirma ainda que Dilma avaliou que as ações do presidente interino, Michel Temer, até então, não são irreversíveis. “Mas o estrago deles em dois meses faz a gente temer.” E declarou ainda que o processo de impeachment mostra a “tentação do parlamentarismo” e que o “golpe é um processo de eleição indireta”.

“O parlamento brasileiro é mais suscetível ao poder do dinheiro, na eleição presidencial a cena política fica mais aberta”, apontou Dilma, afirmando que, diante dos problemas econômicos, “sempre aparece um conflito distributivo”.

A presidenta condenou também a “austeridade pela austeridade” do governo interino e, ao comentar a Proposta de Emenda Constitucional que limita o crescimento dos gastos públicos, criticou: “Nós somos obrigados, a União, a gastar 18% em educação. Ano passado gastamos 18% mais R$ 54 bilhões. Ninguém, a não ser com o nível de privatização de educação monstruoso, conseguirá esse processo em 20 anos”, afirmou.