Temer quer vender o país por R$ 30 bilhões

Sem conciliar o discurso da austeridade com a prática que cede às conveniências políticas, o governo Michel Temer opta por cortar gastos importantes para a população mais pobre e dilapidar o patrimônio público. A gestão calcula que as privatizações e concessões que pretende implementar irão render até R$ 30 bilhões em 2017. O valor é 5,6 vezes inferior à previsão de déficit para 2016 e pagaria apenas 6% dos R$ 500 bilhões gastos com juros da dívida no ano passado.

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Significa que, além entregar à iniciativa privada as riquezas do país, abrindo mão de importantes instrumentos para o desenvolvimento, isso seria feito a preço de banana, com pouco impacto no equilíbrio fiscal do país.

A plataforma apresentada por Temer quando ainda nem havia assumido o governo provisoriamente já defendia privatizar “tudo o que for possível” na área de infraestrutura. Na última semana, em reunião com sua equipe, o presidente interino reforçou essa diretriz e pediu aos ministros um levantamento de "tudo o que puder ser privatizado e concedido ao setor privado".

Para justificar o desmonte do Estado, ele cita a necessidade de reduzir o déficit e ajudar a diminuir a dívida pública – apesar de a comparação de valores mostrar quão irrelevantes as privatizações seriam no contexto geral. Também repete o discurso da ineficiência do Estado na gestão dessas empresas – velho e falacioso argumento que a população aprendeu a rejeitar nas urnas nas últimas quatro eleições.

De acordo com reportagem da Folha de S.Paulo, o governo ainda não sabe o que vai vender, mas já conta com a privatização da Caixa Seguridade, IRB, participações da Infraero em aeroportos e concessões de rodovias, portos e aeroportos. Segundo o jornal, com a entrega do patrimônio público, em 2017, seria possível amealhar algo “entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões”.

O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, destacou, em declaração ao site da entidade, que o anúncio só confirma o que a central vem denunciando cotidianamente desde a divulgação da plataforma Ponte para o Futuro.

“O projeto da gestão golpista é claro, entregar ao capital estrangeiro, em especial os EUA, todas as nossas riquezas, em especial o pré-sal e as privatizações (inclusive da Petrobras). (…) A mudança da política externa é um dos caminhos já apontados”, disse Araújo. Segundo ele, "a CTB seguirá firme na resistência contra o governo golpista e lutará contra qualquer retrocesso".

Na mesma linha, o vice-presidente da CTB, Nivaldo Santana, afirmou que o objetivo da gestão interina não é outro senão “interditar um projeto democrático, patriótico e popular que vinha sendo implementado no Brasil desde 2003”. Para Santana, o “governo golpista quer restaurar um programa neoliberal que confronta os interesses nacionais e os direitos sociais”.