Abimaq alerta: Com Temer, câmbio volta a prejudicar indústria

A Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) emitiu nota, nesta sexta-feira (1), na qual condena a política cambial aplicada pelo Banco Central no atual governo provisório de Michel Temer. De acordo com a entidade, a valorização do real frente ao dólar causa prejuízos à indústria e atrapalha a recuperação da economia. Nesta quinta-feira, a moeda norte-americana chegou a valer R$ 3,20.

Abimaq

Desde o ano passado, o combalido setor industrial brasileiro – que muito sofreu nos últimos anos por causa de uma política cambial desequilibrada – comemorava o retorno do real a um patamar competitivo.

E as raras informações positivas no noticiário econômico decorriam exatamente da desvalorização do real, que deu novo impulso às exportações brasileiras e ajudou os resultados da balança comercial do país. Diante de um mercado interno debilitado, o comércio exterior estava funcionando como um respiro para a indústria nacional.

Na nota, a Abimaq condena a retomada da combinação entre real apreciado e juros altos, que tanto prejudicou a economia brasileira.

“Após 15 anos de real fortemente apreciado, que reduziu a indústria de transformação para menos da metade neste período, a equipe econômica do Governo Temer volta a utilizar a velha política de juros altos e câmbio baixo, que já quebrou o país em 1999, e que é uma das grandes responsáveis pela atual crise econômica”, diz o texto.

De acordo com a associação, "os débeis sinais de recuperação de alguns setores industriais, resultantes do curto intervalo de tempo no qual o câmbio esteve relativamente competitivo e que também quase eliminou o déficit em conta corrente, estão ameaçados de serem abortados”.

De acordo com a Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), a quantidade exportada pela indústria de transformação cresceu 14,7% entre janeiro e abril, em comparação com o mesmo período de 2015. As principais altas foram registradas em produtos têxteis (27%), veículos automotores (18%) e máquinas e equipamentos (17%). Os resultados estão diretamente ligados à desvalorização da moeda, algo que já se alterou com a chegada de Temer ao poder.

Para a Abimaq, manter uma taxa de câmbio abaixo de R$/US$ 3,8 “coloca em risco este início de recuperação, desestimula o setor produtivo a brigar no mercado externo e elimina o único drive disponível no curto e médio prazo para voltarmos a crescer”.

A entidade afirma ainda que “tem envidado todos os esforços no sentido de chamar a atenção do governo para os efeitos nefastos que essa medida causa para a indústria de máquinas e equipamentos”.