Líder do PCdoB avalia manobras de Cunha para sucessão na Câmara 

A oposição não está alheia à movimentação do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para eleger um candidato de sua confiança à sua sucessão na direção da Casa. Ao contrário, o líder do PCdoB na Câmara, deputado Daniel Almeida (BA), afirmou que “nós estamos pensando em fazer um movimento mais amplo possível que impeça o êxito nesse movimento que eles estão tentando fazer”.

Líder do PCdoB avalia manobras do “centrão” para sucessão na Câm

“O que está em jogo é a tentativa dele de eleger um presidente, do ‘centrão’, manipulado por ele”, afirma o parlamentar, analisando que o encontro recente de Cunha com o presidente ilegítimo Michel Temer, “na calada da noite, não foi para tomar cafezinho”.

“Michel Temer e Cunha fazem parte do mesmo projeto e da mesma estrutura. São cúmplices do crime contra o Brasil e os brasileiros. Ele esteve com Temer, na calada da noite, não foi para tomar cafezinho, foi para tentar envolver cada vez mais o governo no objetivo de eleger alguém vinculado a ele e que atenda os interesses do governo”, afirma Daniel Almeida.

“O nosso objetivo é impedir essas manobras – que elas continuem – e que esse ‘centrão’ venha a eleger um presidente da Câmara para dar continuidade a esse processo de manipulação que prevaleceu até aqui, liderado por Cunha, e depois por um preposto dele, o que seria uma tragédia para a Casa”, avalia o parlamentar.

Em busca de “um conceito”

Para fazer frente às manobras de Cunha e do presidente ilegítimo Michel Temer, o líder do PCdoB diz que é preciso combinar com outros partidos – também insatisfeitos com a atuação de Cunha – inclusive os que eram oposição ontem. Para isso, o debate sobre a sucessão de Cunha não está afeito a “nomes”, mas a “um conceito”.

“O que queremos buscar agora é um conceito. É o conceito que deve ser cumprido pelo próximo presidente da Câmara, fazer a Casa voltar a funcionar, com respeito às minorias, com grau de democratização mais elevado possível para que as bancadas tenha acesso a funcionamento mais regular da Casa e o compromisso que não seja alguém absolutamente submetido ao governo”, adianta o deputado.

Segundo ele, a preocupação maior é garantir um presidente “que não atropele o regimento e coloque em votação matérias que representem mudanças estruturais. Em um momento de crise, de governo interino, no meio às eleições, pautar matérias estruturais conduzidas por um governo ilegítimo sem acompanhamento e sem legitimação do voto seria inconveniente”.

Divisão do governo

Par ampliar esse debate, Daniel Almeida conta com a divisão que existe na base do governo.
“A base do governo está com divisões. DEM, PSDB, PPS e PSB não estão satisfeitos com esse cenário. Existem manifestações em outros partidos insatisfeitos com o domínio do ‘centrão’, que tem grau elevado de desqualificação, de envolvimento em crime, de achaque a parlamentares a empresários, com agenda conservadora, atrasada, sem critérios e sem respeitar as minorias. Tudo isso tem que ser interrompido.”

Na avaliação do líder comunista, as movimentações em torno da sucessão de Cunha se intensificam porque é dado como certo que ele não mais presidirá a Câmara. “As informações mais recentes falam que ele pode renunciar ao cargo de presidente para tentar preservar o mandato”, diz o parlamentar, para quem a cassação de Cunha pelo plenário é certa.