Partidos operam nos bastidores sobre a sucessão de Cunha na Câmara 

Com a proximidade da cassação ou renúncia de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da presidência da Câmara, os partidos na Casa operam nos bastidores para definir os candidatos à sucessão. O chamado “centrão” e o PMDB, maior sigla da Casa e do presidente ilegítimo Michel Temer, querem manter o cargo. O PSDB, DEM, PSB e PPS, que também apoiam Temer, preferem um nome próprio.  

Michel Temer Eduardo Cunha - AP Photo/Eraldo Peres

A cassação ou renúncia de Cunha terá como efeito imediato nova eleição para a presidência, que deve ser realizada em um prazo de cinco sessões após o resultado. O vencedor cumprirá um mandato-tampão até 1º de fevereiro de 2017, quando terminaria o mandato de Cunha.

O “centrão”, que reúne cerca de 200 dos 513 deputados e tem forte ligação com Cunha, tendo sido determinante no afastamento da presidenta eleita Dilma Rousseff da presidência, quer o cargo. E tem uma dezena de deputados cotados para o mandato, a maioria deles de partidos como PP, PR, PSD, PTB, PRB e outras siglas menores.

O objetivo de integrantes desse grupo é emplacar um nome para o mandato com o compromisso de apoiar um candidato da estrita confiança de Michel Temer para o biênio 2017-2018, provavelmente um peemedebista (com bancada de 66 deputados), caso ele continue na Presidência da República.

Segundo especulações na mídia, os mais cotados para o cargo são Rogério Rosso (PSD-DF) e Jovair Arantes (PTB-GO), presidente e relator da comissão do impeachment de Dilma, além de Esperidião Amim (PP-SC), Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Giacobo (PR-PR) e Beto Mansur (PRB-SP), entre outros. A maioria deles têm boa relação com Cunha, que acompanha as conversas à distância e, segundo aliados, tenta emplacar como sucessor um nome de confiança.

O peemedebista foi afastado da Câmara pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em maio, e seu processo de cassação pode ser concluído no mês que vem. Deputados que têm ido visitá-lo na residência oficial da Câmara dizem que ele tem preferência por Rosso ou Arantes. Os dois desconversam, dizendo que não ter interesse no cargo.

Embora componham juntamente com o “centrão” e o PMDB a base de Temer, PSDB, DEM, PSB e PPS, que têm 120 deputados, preferem um nome próprio. A avaliação de alguns integrantes desse grupo é de que o “centrão” está enfraquecido após as derrotas consecutivas de Cunha e seria incapaz de reunir sozinho força suficiente para eleger alguém.

Entre os nomes citados nesse grupo estão Júlio Delgado (PSB-MG), Antonio Imbassahy (PSDB-BA) e Rodrigo Maia (DEM-RJ). Dos três, Delgado é o único claramente opositor a Cunha. “O que interessa para alguns é manter a Casa nesse ritmo. Mas não dá para eleger um preposto do Eduardo Cunha”, disse Delgado.