Decisão de Temer sobre refugiados contraria histórica solidariedade

Há duas semanas, o governo interino de Michel Temer, através de seu “chanceler” José Serra, adotou mais uma medida controversa e impatriótica decisão. Trata-se da suspensão das negociações com a União Europeia para o recebimento de cem mil refugiados sírios em nosso país.

Por Ângela Albino*

Angela Albino Cultura

No caso sírio, já são cinco milhões de refugiados e deslocados, naquilo que a ONU vem chamando de “a maior crise humanitária” desde a II Guerra Mundial. A Síria não vive uma guerra civil como a mídia, de forma unilateral, faz crer e vem anunciando. A Síria sofre um ataque externo brutal por parte de mercenários e terroristas que se auto-intitulam muçulmanos, armados e financiados pelos Estados Unidos, Arábia Saudita, Turquia e alguns países do Golfo Pérsico e com apoio tático e de inteligência de Israel.

O objetivo claro dessa agressão é uma só: derrubar o legitimo presidente sírio, Bashar El Assad, reeleito inclusive presidente com apoio popular de mais de 80% dos votos válidos, em eleições limpas e democráticas, como atestaram observadores internacionais. Nosso Partido inclusive, se fez presente, com a camarada Socorro Gomes, presidente do Cebrapaz. Bashar Al Assad resiste ao imperialismo e ao sionismo. Apoia de forma decisiva a causa palestina. Todos os 13 partidos e organizações que são membros da OLP possuem escritório em Damasco. Esta capital árabe foi a que mais recebeu refugiados palestinos desde a guerra de 1967 de expansão de Israel sobre territórios palestinos. A Síria mesmo, nessa guerra, perdeu parte de seu território – as Colinas de Golã – que se encontram ocupadas por Israel até os dias atuais. O PCdoB mantém relações amigas com o povo e o governo da Síria e, inclusive, enviou uma delegação em Missão de Solidariedade ao país em dezembro de 2013.

Não podemos aceitar mais esse desastre de decisão de um governo ilegítimo. Nosso país, desde 1880, vem recebendo milhares de imigrantes sírios e libaneses e árabes em geral. Ainda que o IBGE não venha consultando a ancestralidade dos brasileiros desde o Censo de 1940, o próprio Itamaraty estima que os descendentes de árabes no Brasil sejam em torno de 10 milhões. Mas, independentemente do número de pessoas, a presença árabe no Brasil é marcante. Na língua – milhares de palavras de nosso alfabeto são de origem árabe –, na cultura (música em especial), na religião (cristãs ortodoxas em geral e islâmica), culinária (quem não conhece o quibe e a esfiha?).

Prestamos aqui nossa homenagem profunda ao povo árabe e aos sírios em particular. Repudiamos a desastrosa decisão do governo golpista de Michel Temer de proibir a entrada de pelo menos cem mil refugiados sírios. Essa atitude jamais contará com o apoio do nosso povo e do nosso Partido.