Dilma usará confissão da líder de Temer de que não houve pedalada

A defesa da presidenta Dilma Rousseff informou que pretende usar as declarações da senadora Rose de Freitas (PMDB­-ES), líder do governo Michel Temer (PMDB), de que o afastamento aprovado pela Casa não foi por conta das pedaladas fiscais e sim por conta da crise política.

Senadora Rose de Freitas PMDB-ES

"Porque o governo saiu? Na minha tese, não teve esse negócio de pedalada, nada disso. O que teve foi um país paralisado, sem direção e sem base nenhuma para administrar. A população não queria mais e o Congresso também não dava a ela os votos necessários para tocar nenhuma matéria", disse a senadora em entrevista à rádio Itatiaia neste sábado (25).

De acordo com o ex-ministro José Eduardo Cardozo, que defende Dilma no processo de impeachment no Senado, a transcrição da declaração da senadora será anexada na defesa da presidenta.

Segundo ele, as declarações de Rose é mais uma prova de que houve "desvio de poder" na abertura do processo de impeachment, argumento esse apontado pela defesa desde o início do processo.

"A senadora foi muito transparente. Até porque, de fato, sendo presidente da Comissão Mista do Orçamento, estudou profundamente a matéria. É a prova, portanto, que não há fundamento para o impeachment, reforçando a tese da existência do desvio de poder que alimenta esse processo desde o início", disse Cardozo à Folha de S. Paulo.

Para Cardozo, o discurso da senadora é uma importante prova da defesa e pode auxiliar na busca dos senadores que faltam para impedir a consumação do golpe. Dilma precisa de 26 votos para não ser definitivamente cassada. Na primeira etapa do processo, a petista teve 22 em seu favor.

Na entrevista, a senadora ainda fez uma crítica velada a Michel Temer: "Eu, como presidente, não levaria ninguém que tivesse qualquer processo, ainda que a pessoa fosse inocente, eu esperaria o tempo para ela se comprovar inocente para depois voltar ou ser nomeada".

Rose se refere aos três ministros que foram demitidos após envolvimento com as investigações da Lava Jato, Romero Jucá (Planejamento), Fabiano Silveira (Transparência) e Henrique Eduardo Alves (Turismo).