Daniel Almeida: O papel da nova oposição

Neste momento político e econômico conturbados, o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) recebeu uma missão desafiadora: liderar a chamada minoria na Câmara dos Deputados. Na prática, atuaremos à frente da nova oposição em meio às tentativas de desmonte do estado brasileiro promovidas pelo governo provisório de Michel Temer (PMDB).

Daniel Almeida*

Plenario Camara - Arte de Álvaro Portugal sobre foto de Luis Macedo/CD

A escolha da camarada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) para a função valoriza este espaço que exige um parlamentar aguerrido e comprometido com o povo diante dos grandes embates que virão no Parlamento nos próximos meses. Ela se firma hoje como uma das principais expoentes da esquerda no país, respeitada e reconhecida por suas posições em defesa do Brasil.

As tarefas exigidas, entretanto, não serão nada fáceis. No campo político, teremos de reforçar a luta para barrar o impeachment que avança no Senado, mesmo sem existir crime de responsabilidade. Temer libera cargos e pressiona senadores para garantir o afastamento definitivo da presidenta Dilma Rousseff. O objetivo é consolidar o golpe em curso para tentar mascarar a ilegitimidade marcante da gestão do interino.

Além de enfrentar a ameaça de grave violação da democracia, teremos de batalhar para impedir a execução de um projeto político neoliberal de retirada de direitos sociais e trabalhistas. Esse ideário entreguista com agenda de desnacionalização já foi rejeitado pela população nas eleições de 2014, mas Temer tenta executar propostas na marra, sem qualquer respaldo popular.

O ataque à política de valorização do salário mínimo, a supressão de espaços institucionais para mulheres e o aumento da idade mínima de aposentadoria para 65 anos são apenas alguns exemplos do que está em jogo. Teremos intenso debate para evitarmos grandes retrocessos e perda de conquistas duramente asseguradas pelos cidadãos. Iremos reagir com contundência, conteúdo e de forma qualificada a esse processo perigoso que o país vive.

A nova oposição ao governo golpista estará comprometida com os interesses dos brasileiros. Mais do que nunca, chegou a hora de garantirmos uma consulta popular por meio de plebiscito para saber se o povo é a favor ou não da antecipação das eleições presidenciais. Temos de dar um basta aos planos de Temer. Em pouco mais de 30 dias no comando do país, ele já sinalizou mudanças de rumo extremamente prejudiciais para a nação. Não podemos nos calar. Temos de resistir!

*Deputado federal pela Bahia e líder do PCdoB na Câmara dos Deputados.