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São João, a Terra e o cosmo

A noite de São João é a mais longa do ano. Bem, não propriamente esta em que as fogueiras são acesas Brasil afora: a data do chamado solstício de inverno varia em torno deste dia; em 2016 caiu no dia 20. Não importa – o que vale mesmo é a comemoração do dia de São João, em 24 deste mês.

Por José Carlos Ruy

solstício de verão na Polônia - Reprodução

O São João deriva de uma comemoração ancestral, enraizada no passado pagão europeu, e comemorada em todo o Velho Continente e nas regiões sob sua influência direta, como as Américas e a Austrália.

Foi trazida para o Brasil inicialmente pelo colonizador português, e aqui se misturou a outras tradições populares, índias e africanas e, mais tarde, trazidas por imigrantes de outras partes da Europa.

O São João virou uma espécie de centro das chamadas festas juninas – que comemoram também Santo Antonio, no dia 13, e São Pedro, no dia 28. Em Portugal são as chamadas “festas do santos populares”.

A origem do festejo do solstício de inverno perde-se na pré-história. Transformou-se mais tarde numa importante festa pagã contra a qual as autoridades da Igreja lutaram em vão. Acabaram rendendo-se e a transformaram na comemoração de São João, primo de Jesus Cristo que anunciara sua chegada. A data marca, desde os primeiros séculos da era cristã, o dia em que o santo teria nascido – data que é exatamente seis meses antes da data escolhida para festejar nascimento de Jesus Cristo, e que a Igreja se apropriou de outra festa de origem ancestral e pagã, o Natal, que ocorre no outro solstício – de inverno, no hemisfério norte, e de verão, na metade sul do planeta.

A tradição junina ganhou feições brasileiras – e, sobretudo, nordestinas. A música, as roupas, as fogueiras, as danças, são todas de origem principalmente portuguesa. Embora haja, nas quadrilhas, bandeirinhas, no uso de balões e fogos de artifício, influências que vieram da França e, sobretudo, da China.

As festas populares imemoriais estão ligadas ao ciclo da natureza, e da agricultura. São João (como o Natal, exatos seis meses depois) é uma delas. Comemora a fertilidade do solo e as boas colheitas, que se refletem nos cardápios, que variam de região para região. Assim como as danças e rituais de acasalamento, que sinalizam a continuidade da vida. E indicam sua íntima ligação aos ciclos naturais, da Terra e do cosmo.