Foro de São Paulo ressalta disposição de luta e unidade

O 22º Encontro do Foro de São Paulo, realizado em San Salvador, capital de El Salvador, reúne representantes de 86 partidos e organizações políticas e sociais. O sentimento de luta e unidade dá o tom do evento organizado pela Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional (FMLN).

Foro de São Paulo 2016 - Resistência

Na manhã desta quinta-feira (23), aconteceu a primeira reunião do Grupo de Trabalho, que aprovou a programação, elegeu as comissões que ficarão responsáveis pelas resoluções e pela redação da Declaração Final, além de ter iniciado a discussão da proposta de Documento Final do Foro.

O representante do Partido Comunista Colombiano, ao saudar como uma vitória dos povos da América Latina e do próprio Foro de São Paulo, a assinatura do acordo de paz entre o governo da Colômbia e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército Popular (Farc), foi amplamente aplaudido de pé por todos os presentes.

A mesma cena se repetiu na sessão da tarde, onde as Escolas de Formação dos Partidos do FSP promoveram duas mesas de discussão tendo como tema central a proposta de Documento Final.

As variadas análises coincidiram em propor reflexões sobre as vitórias, erros e limites das recentes experiências de esquerda à frente de governos na América Latina, sem perder de vista que estas experiências são alvos de ferozes ataques da direita por suas virtudes, como a ampliação da democracia, a inclusão social e a integração latino-americana.

Os erros e insuficiências sem dúvida abrem flanco ao inimigo, mas a causa de fundo é a luta política de classes. Ressaltou-se a necessidade de intensificar a mobilização de rua e o diálogo com o povo. Para Hugo Moldi, do Movimento ao Socialismo, da Bolívia, a participação vitoriosa da esquerda nas eleições é parte fundamental da luta, “mas não podemos transformar nossas organizações apenas em máquinas eleitorais, onde as pessoas não se preocupam em ser militantes, mas somente candidatas”.

Nidia Diaz, que durante a guerrilha foi uma das comandantes da FMLN e hoje é secretária de Relações Internacionais do partido – que governa El Salvador há sete anos – reafirmou a luta pelo socialismo, como o grande objetivo estratégico.

O 22º encontro acontece tendo como pano de fundo a contraofensiva conservadora que atinge a região e logo no início dos trabalhos os delegados foram informados sobre a provocativa invasão da sede nacional do PT do Brasil por agentes da Polícia Federal. No entanto, fica claro, por este primeiro dia, a elevada disposição para a luta e a confiança na vitória, expressa também na proposta de Documento Final: “afirmamos que não há, nem haverá, fim do ciclo progressista, e sim uma continuada ‘guerra de posições’ que travamos contra as forças oligárquicas, e na qual conseguimos vitórias parciais e sofremos revezes parciais”.

O primeiro dia de trabalho se encerrou com o lançamento do livro “35 anos de vitória”, com o registro fotográfico da trajetória da FMLN. O Secretário-Geral da FMLN, Merdardo González, declarou na ocasião que “a fundação da FMLN foi um salto qualitativo no movimento popular e revolucionário de El Salvador”.

Na abertura e no encerramento, o hino da FMLN foi executado, e todos, de braços erguidos, tornaram-se por instantes militantes salvadorenhos, os salvadorenhos sentiram-se brasileiros, argentinos, hondurenhos, portorriquenhos, enfim, o espírito do internacionalismo e a solidariedade entre os povos em luta marcou o primeiro dia de trabalho do 22º Encontro do FSP.

Para o secretário de Política e Relações Internacionais (SPRI) do Partido Comunista do Brasil, José Reinaldo Carvalho, o 22º Encontro do FSP é um passo importante para a construção da unidade estratégica das esquerdas da América Latina e Caribe. A delegação do PCdoB é composta também por Wevergton Brito, da SPRI, Liege Rocha e Julieta Palmeira, da Secretaria Nacional de Mulheres, Divanilton Pereira, da Secretária Sindical Nacional e Ana Maria Prestes, representando a Fundação Maurício Grabois. Pelo Partido dos Trabalhadores encontram-se Mônica Valente, secretária de Relações Internacionais, Selma Rocha, Secretária de Formação e a diretora da Fundação Perseu Abramo, Iole Ilíada.

O PCdoB, membro do Grupo de Trabalho, integra a comissão redatora da Declaração Final. Durante o 22º Encontro do FSP, a delegação do PCdoB está desenvolvendo conversações bilaterais com partidos comunistas e outras formações políticas progressistas da América latina e de outras regiões.

Uma delegação do Grupo de Trabalho foi recebida na noite da quinta-feira pelo pelo vice-presidente da República, Oscar Ortiz, que foi comandante guerrilheiro durante a luta armada dos anos 1980. O presidente da República Sanchez Cerén encontra-se em Cuba, onde foi testemunhar a assinatura do acordo de Paz entre as Farc e o governo colombiano. Ortiz estará presente no ato político do 22º Encontro do FSP, no sábado (25). “Recebemos vocês como quem recebe a família histórica”, disse Ortiz, ao saudar as delegações. Ortiz destacou que este 22º Encontro do FSP deve refletir sobre “o exercício do poder popular”.