Refugiados: Alemanha discrimina crianças

Os menores refugiados na Alemanha são vítimas de tratamento discriminatório associado ao país de origem, acusa o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em relatório divulgado esta terça-feira (21).

Cercas foram erguidas em nações que não desejam receber refugiados

Segundo o documento, citado pela Lusa, os menores e adolescentes refugiados na Alemanha vivem por períodos cada vez mais prolongados num entorno inadequado às crianças e seu direito à proteção, participação, assistência médica e educação é restringido ou mesmo inexistente.

As condições oferecidas às crianças nos centros de acolhimento destinados a pessoas com poucas probabilidades de receber asilo são ainda menores, afirma a Unicef, apesar de aí residirem com frequência seis meses ou mais, antes de serem definitivamente expulsas do país.

O documento revela ainda que nos procedimentos de solicitação de asilo os interesses dos menores não são levados em consideração e que existem dificuldades para determinar os motivos específicos da fuga, como o recrutamento forçado, trabalho infantil e casamentos entre menores.

O relatório surge um dia depois de a ONU ter lançado uma campanha e uma petição que instam os governos a garantir a segurança, a educação e o emprego dos 20 milhões de refugiados que se estima existirem em todo o mundo.

A campanha visa manifestar publicamente o apoio às famílias forçadas a deixar seus países de origem, num contexto de perseguições e conflitos, e contrariar a crescente retórica antirrefugiados e as maiores restrições ao asilo.

A petição – que será entregue durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York, em 19 de setembro – insta os governos a tomar medidas para que “todas as crianças refugiadas tenham acesso à educação”; “todas as famílias refugiadas tenham um lugar seguro para viver”; e “todos os refugiados possam trabalhar e adquirir conhecimentos que contribuam de forma positiva para as suas comunidades”.

Segundo dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, perto de 60 milhões de pessoas já foram forçadas a deixar suas pátrias e uma média diária de 42.500 põem-se em fuga de perseguições ou conflitos. Daqueles 60 milhões, 40 milhões são deslocados internos, enquanto 20 milhões (metade dos quais com menos de 18 anos), foram obrigados a procurar refúgio fora do seu país.