França vive novo dia de protestos contra flexibilização trabalhista

A França vive, novamente, um dia de intensos protestos por conta da reforma na lei trabalhista proposta pelo governo do país. Ao menos 60 mil pessoas, segundo estimativas dos organizadores, foram às ruas de Paris, nesta quinta-feira (23), para demonstrar insatisfação com as mudanças propostas.

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Antes mesmo do início das manifestações, as forças de segurança francesas prenderam cerca de 80 pessoas sob acusação de “suspeitos”, alegando que poderiam provocar distúrbios.

Também por medo de confrontos, como os ocorridos na semana passada, é que o governo francês pretendia proibir novos protestos.

O líder da CGT, Philippe Martinez, uma das centrais sindicais que estão liderando as manifestações dos trabalhadores, acusou o primeiro-ministro, Manuel Valls, de tentar culpar os sindicatos pela desordem. “Sempre que tentamos acalmar as coisas, o primeiro-ministro põe lenha na fogueira.”

O líder sindical condenou os manifestantes desordeiros. No dia 14 de junho, quando milhares de pessoas foram às ruas questionar as novas regras trabalhistas, algumas pessoas mascaradas surgiram e entraram em confronto com a polícia.

No entanto, alguns manifestantes acusam os líderes franceses de se aproveitarem de certas situações para tentar restringir a insatisfação da população.

“Em um momento no qual a França sedia a Eurocopa (de futebol) e quando se enfrenta o terrorismo, não poderá ter mais autorizações de manifestações se não garantirem a preservação dos bens, das pessoas e do patrimônio público”, disse o presidente Fraçois Hollande, poucos dias atrás.

Na manifestação desta quinta-feira, embora o governo tenha reconsiderado a proibição, o protesto ficou restrito à região da Bastilha e a caminhada durou pouco mais de uma hora.

“É a minha primeira vez. Mas decidi ontem vir para defender a liberdade de manifestar-me. Estamos em democracia, temos de defender as nossas liberdades”, disse ao jornal Le Monde Pauline, de 19 anos.

As manifestações contrárias ao projeto que altera as leis trabalhistas começaram em março deste ano e, deste então, já levaram milhares de pessoas às ruas. Rennes, Bordéus, Toulouse e Lyon são algumas das outras cidades que têm sido palco dos protestos.

Se a flexibilização trabalhista for realmente implementada no país permitirá, entre outras coisas, que as empresas negociem jornadas diretamente com seus funcionários. Isso, na avaliação dos sindicatos, será prejudicial para o trabalhador, que terá poucas condições de fugir das imposições dos patrões. Além disso, o projeto prevê o relaxamento das normas para demissão sem justa causa e a redução dos valores pagos por horas extras.

Pesquisas apontam que dois entre três eleitores franceses estão insatisfeitos com o projeto de lei, que está sendo debatido pelo Senado.

Inclusive no Partido Socialista, legenda a qual pertence o presidente do país, várias vozes expressam seu desacordo em relação ao plano, que entrega ao empresariado maiores poderes nas relações trabalhistas.

Assista parte da manifestação em Paris:




Une manifestation De Bastille à Bastille, la manifestation contre la loi travail est partie