Flávio Dino defende novas eleições para superar crise política

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), afirmou que a proposta do partido de realização de plebiscito para decidir sobre novas eleições é uma forma de garantir a soberania popular, evitando o naufrágio das instituições democráticas, ameaçadas pelas manobras golpistas que levaram ao afastamento da presidenta Dilma Rousseff.

Flávio Dino

“Quando há uma crise muito aguda como esta, somente a soberania popular pode garantir vitalidade para as instituições democráticas. Um pacto, entendimento e novas eleições, é o único cenário para rapidamente superarmos a crise política. Se não for isso, provavelmente vamos ficar caminhando nessa agenda policial e com o sistema político em destroço até 2018, o que é um preço muito alto para a população brasileira pagar”, afirmou o governador.

O governador do Maranhão avalia que essa é a mais grave crise política do país. “Uma crise muito grave, de todas a pior que já vivi, porque é uma crise muito profunda do modelo político, é uma crise de representação, de deslegitimação deste sistema político institucional aos olhos da sociedade, por isso ela é uma crise multipartidária, não é de uma posição política só”, analisou em entrevista aos jornalistas Jorge Vieira e Raimundo Garrone, do Maranhão.

Flávio Dino, que foi juiz federal no estado, afirmou que a Operação Lava Jato tem o mérito de “destruir relações políticas viciadas”, mas ressaltou que a operação “não consegue construir novas relações políticas, porque não é papel da polícia, do Ministério Público ou do Judiciário, isso é papel dos políticos e da sociedade”.

“Na medida em que a sociedade não apoia o Temer, não apoia a Dilma, não apoia ninguém, apoia a Lava Jato, mas a Lava Jato desconstrói, quem é que constrói para colocar no lugar, ou você acha a sociedade vai funcionar sem governo? Obviamente que não, é preciso que se tenha instituições que garantam o mínimo de serviços e políticas públicas, o que não é possível do jeito que está”, disse o governador.

A saída, segundo ele, é “reunir o que sobrou do sistema político e tentar refundar a política no Brasil, porque se não for isso, a gente pode ir para uma aventura, como aconteceu na Itália, em que uma operação similar, que é a mãe da Lava Jato, que foi a operação Mãos Limpas, acabou resultando num governo pior ainda do ponto de vista ético que foi o governo do Silvio Berlusconi”.

E completou: “O mando do Silvio Berlusconi, com práticas iguais ou piores do que aquelas que foram combatidas pela Operação Mãos Limpas. Então a gente precisa ter muito cuidado porque nas eleições de 2018 nós poderemos ter a vitória de alguém com a bandeira da antipolítica. E bandeira da nova política, geralmente é uma bandeira atrasada”.

Questionado sobre as retaliações ao seu estado por parte do governo provisório de Michel Temer (PMDB), por conta do posicionamento contrário ao golpe, Flávio Dino denunciou: “Infelizmente houve a revogação de uma portaria que havia sido editada pelo ministro Marcelo Castro, um pedido antigo nosso que tramitava desde o início do meu governo, porque nós temos uma razão técnica indiscutível do Maranhão ter hoje a segunda pior renda per capita de média e alta complexidade do país. Muito pouco foi feito no passado, há praticamente uma década nós temos esse indicador negativo. Foi exatamente visando essa mudança que nós conseguimos uma série de portarias desde o ministro Chioro, até o ministro Marcelo Castro. Das 15 portarias, 14 foram mantidas e foram pagas beneficiando alguns hospitais e alguns municípios”.

Ele reforçou que tal medida representa um redução de mais de R$ 1,5 milhão/mês no sistema de saúde maranhense. “A grosso modo nosso sistema estadual de saúde custa em torno de R$ 90 milhões e nós recebemos R$ 18 milhões do governo federal, do SUS, isso significa que R$ 70 milhões vêm do Tesouro, portanto são aportes do Tesouro e não do SUS. Essa portaria viria exatamente para elevar esse repasse do SUS para nosso estado. É um prejuízo importante e se não houver resposta sobre qual a razão da sua revogação, nós vamos questionar perante o Poder Judiciário”, denunciou o governador.