Marcivânia cobra reconhecimento da violência contra os povos indígenas

Após as informações de que mais um índio foi brutalmente assassinado no Brasil, a deputada federal prof. Marcivânia (PCdoB-AP), foi à tribuna da Câmara dos Deputados na última quarta-feira (15) fazer um pronunciamento sobre o urgente reconhecimento da violência contra os povos indígenas. Para ela, é preciso que a questão indígena seja considerada pelas autoridades e pela sociedade na condução de uma campanha pela igualdade e contra o racismo contra os povos originários. 

professora Marcivânia

Abaixo a íntegra do discurso da deputada:

Terça-feira, 14 de junho de 2016 Clodiodi Aquileu Rodrigues de Souza, índio Guarani-Kaiowá, 26 anos, além de ao menos outro seis indígenas feridos à bala, inclusive uma criança de doze anos baleada no abdômen.

Na manhã de 19 de março de 2016, Nerlei, um estudante de medicina veterinária e membro do povo Kaingang, foi brutalmente agredido por um grupo de cerca de seis pessoas em frente à residência de estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Um vídeo do crime feito por câmera de segurança mostra os agressores repetindo a frase “o que estes índios estão fazendo aqui?”

Em 31 de Dezembro de 2015, Vitor Pinto, 2 anos, estava sendo amamentado por sua mãe quando foi morto por um desconhecido na cidade turística de Imbituba, no estado de Santa Catarina. Mais uma vez, o ato foi gravado por uma câmera de segurança.

29 de agosto de 2015 por volta das 13 horas, indígenas Aty Guasu do grande povo Guarani e Kaiowa foram cercados por fazendeiros e policiais agredidos e alvejados a bala. O líder indígena Semião Vilharva foi assassinado durante o ataque dos fazendeiros e policiais.

Os casos de Claudiodi, Nerlei, Vitor e Semião demonstram a necessidade urgente de reconhecimento da discriminação e da violência contra os povos indígenas, que em si é produto de uma longa história de discurso de ódio. Tratar de tais casos apenas como um “crime qualquer” é ignorar o que está realmente em jogo: o massacre secular dos nossos indígenas.

Os povos indígenas são muitas vezes os primeiros a sofrer as consequências do discurso do ódio e do racismo, ambos discursos em ascensão e que estão cada vez mais sendo propagados por políticos e lideranças sociais no Brasil.

Acreditamos que os indígenas merecem aliados, sobretudo, no que se refere aos diferentes grupos dos chamados civilizados que se situam “do lado de cá” da questão indígena, onde no mais das vezes impera o cenário de intolerância, ambição e assassinato. Os indígenas não deveriam ter que levantar a voz sozinhos. Nós, do Partido Comunista do Brasil compartilhamos as suas metas de igualdade, dignidade e empoderamento para todos os brasileiros.

Como disse Nelson Mandela, “Ninguém nasce odiando outra pessoa por causa da cor de sua pele, ou por sua origem ou sua religião. As pessoas devem aprender a odiar, e se podem aprender a odiar, podem também ser ensinadas a amar, pois o amor chega mais naturalmente ao coração humano do que o seu oposto. ”

Claudiodi, Nerlei, Vitor e Semião representando todos os indígenas assassinados e maltratados precisam que as autoridades e o Estado brasileiro conduzam uma campanha maciça pela igualdade e contra o racismo. Instamos os poderes da república a declarar seu compromisso de trabalhar pelos direitos de todos os seus cidadãos – indígenas e outros – para viver com dignidade, igualdade e terem garantido seu espaço na sociedade.

Mais do que nunca precisamos do que os guaranis chamam mborayu do espirito que nos une, do amor que devemos sentir pelos outros.

Professora Marcivania
Deputada Federal (PCdoB/AP)