Eleições no Peru: Keiko Fujimori reconhece derrota

Keiko Fujimori, do partido Força Popular, reconheceu, nesta sexta-feira (10), sua derrota no segundo turno das eleições presidenciais do Peru para Pedro Pablo Kuczynski e afirmou que fará oposição ao novo presidente durante o mandato.

keiko fujimori - Reprodução

“Aceitamos democraticamente os resultados da Onpe [Oficina Nacional de Processos Eleitorais] porque somos uma organização política séria e que respeita o povo peruano”, disse Keiko em pronunciamento.

“Apesar de os resultados emitidos pela Onpe serem confusos, eles indicam também que o Força Popular recebeu pela população a tarefa de ser oposição e este será um papel que cumpriremos com firmeza. Seremos uma oposição responsável que pensará sempre no futuro do nosso país tendo como linha matriz representar o que sentem os mais de 8,5 milhões de peruanos que votaram no nosso plano de governo”, ressaltou ela.

"Desejamos muita sorte ao senhor Kuczynski e a seus aliados de campanha (…) O Força Popular seguirá trabalhando para o Peru", finalizou.

Keiko havia vencido o primeiro turno do pleito, em 10 de abril, com 39,8% dos votos, e liderou as pesquisas de intenção de voto até poucos dias antes do segundo turno, que foi realizado no domingo (05).

Contudo, o aumento de mobilizações contra a então candidata por parte de vários setores da sociedade civil peruana, que temiam a volta do fujimorismo – regime político de seu pai, Alberto Fujimori, ex-ditador peruano (1990-2000) – foi um dos fatores que fez parte do eleitorado repensar o apoio à candidata do Força Popular. PPK acabou recebendo 50,12% dos votos; Keiko, 49,88%.

Em sua conta do Twitter, o novo presidente agradeceu as palavras de sua antiga concorrente. "Senhora Keiko, agradeço o gesto. Em uma democracia são bem-vindas todas as vozes. Trabalharemos incansavelmente pelo Peru", escreveu ele.

No Congresso peruano, por outro lado, o fujimorismo obteve maioria, elegendo 73 dos 130 parlamentares da casa. O segundo partido com mais membros é o Frente Ampla, de Verónika Mendoza, com 20 deputados. Com 18 parlamentares, o PPK (Peruanos por el Kambio, Peruanos pela Mudança), partido de Kuczynski, será somente a terceira bancada do Congresso.

Alberto Fujimori

Em entrevista à revista peruana Semana Econômica, PPK foi questionado sobre a possibilidade de anistiar Fujimori, caso os fujimoristas peçam a anulação de sua condenação (25 anos de prisão por corrupção e violações aos direitos humanos), já que possuem maioria no Congresso.

“Se o Congresso propuser uma lei genérica — não pode ser pessoal — para que pessoas na mesma condição que ele completem o fim da sentença em casa, eu sancionarei. Mas não sei se eles [Força Popular] irão querer isso. Eles querem que Fujimori saia pela porta da frente”, argumentou o novo presidente, que reforçou que não perdoará os crimes cometidos pelo ex-ditador.