A perfídia não nos atinge

Jandira Feghali, a nossa grande camarada deputada federal pelo Rio de Janeiro, e hoje apontada na coluna de Lauro Jardim, de O Globo, como tendo recebido recursos para sua campanha eleitoral captados por Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro.

Por Haroldo Lima*


Jandira Feghali - Foto: Antonio Augusto / Câmara dos Deputados

Naturalmente que a notícia visa desprestigiar uma parlamentar que o próprio a colunista chama "um dos ícones da esquerda na Câmara". Para a direita brasileira é um problema ver Jandira se projetar, como está, no cenário político nacional. Daí esse esforço por atingi-la. Mas o esforço foi em vão.

Por conta da legislação eleitoral em vigor no pais, não existe financiamento público das campanhas eleitorais. O que é legal, oficial, é o financiamento privado. Até a última eleição, havia o financiamento empresarial, devidamente legalizado.

Nós da esquerda nos batemos pelo fim desse financiamento empresarial, especialmente depois das denúncias que ocorreram por ocasião do episódio que ficou conhecido como “Mensalão”. A direita, mesmo assim resistiu. Só bem recentemente o Supremo Tribunal Federal (STF) regulamentou esse tema, proibindo recursos empresariais nas campanhas.

Significa que, até hoje, nunca houve no Brasil uma campanha eleitoral sem dinheiro das empresas. Por isso que os ricos, que são os donos das empresas e tem acesso mais fácil aos recursos financeiro, elegem mais representantes que os pobres, os negros, as mulheres.

Essas contribuições, para ficarem legais, devem ser contabilizadas e apresentadas à Justiça eleitoral. O que o Globo agora publica sobre Jandira é simplesmente que ela procedeu de acordo com a lei. Fala que Jandira “conseguiu uma ajudazinha da Queiroz Galvão" o que, se foi verdade, foi absolutamente natural e legal. Com toda certeza, "ajudazinha" foi para Jandira, por ser de esquerda e comunista. As empresas davam eram ajudas grandes para seus candidatos, de direita.

No contexto atual, a direita se vê desmoralizada, envolvida em inúmeras denúncias, além de denunciada como golpista. Por isso, quer lançar suspeitas em nosso meio, nos colocar como iguais a ela, como se todos os políticos fossem farinha do mesmo saco. Não somos.
Lutamos denodadamente para afastar da direção de nosso pais os golpistas, os corruptos, os fascistas e os entreguistas. E Jandira, há décadas, está na linha de frente dessa batalha.

Haroldo Lima é engenheiro, foi deputado federal pela Bahia e Presidente da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. É membro do Comitê Central do PCdoB.