PM faz operação de guerra contra famílias de sem-teto em Brasília

Com mais de 200 homens fortemente armados, tanques de guerra e 2 helicópteros, o governo do Distrito Federal removeu neste domingo (5), de maneira violenta, famílias que estavam ocupando um prédio na capital -  o Torre Palace Hotel.  A PM ignorou a presença de idosos e crianças e realizou uma operação de guerra.

Remoção de sem-teto no Distrito Federal - NIlson XCarvalho/Agência Brasília

Durante a semana, a ocupação havia sido alvo de críticas por parte do deputado federal Laerte Bessa (PR), que sugeriu uma invasão violenta por parte da Polícia Militar “para bater e arrebentar” os ocupantes.

Em sua página no Facebook, o deputado havia dito que “a Polícia Militar está algemada e impedida de cumprir a sua missão de desocupar o referido Hotel situado no coração de Brasília”, criticando a secretária de Segurança, Márcia Alencar.
O ex-delegado ainda fez comentários machistas com a secretária: “Secretária, deixe o Comandante da PM resolver este assunto…vai cuidar da sua família. Exemplo: Levar e buscar os filhos na escola na viatura da polícia.”
Depois das críticas do deputado, não faltou exageros na operação montada pelo governador Rodrigo Rollemberg (PSB) contra a ocupação.
Dentro do hotel ocupado, haviam poucas famílias. Pelo menos 12 eram homens e mulheres maiores de idade, incluindo idosos, e cerca de 4 crianças.
Durante a operação, um ocupante ficou ferido com um tiro de bala de borracha, e crianças passaram mal devido ao uso de gás lacrimogêneo, bomba de efeito moral e spray de pimenta por parte dos policiais, que atacavam os ocupantes no chão e nos 2 helicópteros.
Anteriormente, o governo já havia cortado a energia nos últimos dias dentro do prédio, além de proibir a entrada de alimentos e água  -  mesmo sabendo que havia crianças dentro do hotel.
 
Segundo os líderes do Movimento da Resistência Popular (MRP), Edson Francisco da Silva e Ylka Carvalho, as famílias só deveriam sair do prédio após o governo garantir um local para moradia para os ocupantes, ignorando tentativas do governo do PSB de “sair de forma espontânea” -  o que o governador acabou usando como argumento para a invasão forçada.
O prédio do hotel se encontra abandonado desde 2013, sem qualquer uso. A vizinhança ainda alega que por conta do abandono, o local tem sido usado como ponto para venda de drogas, além de assaltos frequentes na região. Mesmo assim, a questão foi tratada como “caso de polícia” ao invés do que deveria realmente ser  –  moradia e direitos humanos.
Assista o vídeo: