PF diz ter gravação que mostra líder tucano acertando sabotar CPI

Gravações obtidas pela Polícia Federal de uma sistema câmeras de segurança comprovaria uma reunião entre o então presidente do PSDB e senador Sérgio Guerra (PE), o diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e empreiteiros para paralisar a CPI da Petrobras, em 2009. A informação foi publicada na Folha de S. Paulo deste domingo (5).

Aécio Neves e Sergio Guerra

Mas não se trata apenas de imagens. A gravação contém o áudio em que o tucano afirma que "não vamos polemizar". Diz ainda que tem "horror a CPI" e que considera "deplorável" um deputado "fazendo papel de polícia". Sérgio Guerra, falecido em 2014, era um dos integrantes da comissão.

Por meio de nota, o PSDB se limitou a dizer que "não conhece a gravação e por isso não comentará, mas reitera seu apoio às investigações da Lava Jato".

A Folha afirma ainda que teve acesso ao relatório da Polícia Federal com a transcrição das conversas, que ocorreram no escritório de um amigo do lobista Fernando Soares, o Baiano, também presente. Em sua delação premiada, Costa disse que Guerra pediu R$ 10 milhões para enterrar a CPI e que o pagamento foi feito pela empreiteira Queiroz Galvão.

Segundo a matéria, a reunião no escritório contou com a participação de um executivo da Queiroz Galvão, Ildefonso Colares Filho, e um da Galvão Engenharia, Erton Medeiros. Ambos foram presos na Operação Lava Jato em 2014 e soltos em 2015 por ordem do Supremo Tribunal Federal.

Sobre o vídeo, Costa e Baiano disseram a PF que um determinado trecho da gravação tratava-se de um acerto velado de pagamento.

Segundo eles, a conversa faz referências a defesa da Petrobras contra uma empresa que apresentava problemas. Guerra comenta: "Acho que a defesa não foi completa, a defesa não foi [o advogado] Antônio Fontes?". Depois, pergunta: "E aí, como é que tá [inaudível] bem?". Colares responde: "Dando suporte aí ao senador, tá tranquilo". Guerra diz: "Conversa aí entre vocês".

Guerra deixa clara sua disposição em não avançar na CPI, segundo a transcrição. O tucano destaca ainda que que seu então colega de partido, o senador Álvaro Dias (atualmente PV-PR), estaria envolvido diretamente no esquema pois, queria mandar "algumas coisas pro Ministério Público", mas que ele tentaria "controlar isso".

De acordo com a Folha, Guerra também chega a questionar Costa sobre atrasos nas obras e acusações de sobrepreço. O então executivo da Petrobras cita custos, exemplificando com a mão de obra, e diz que não havia irregularidades. "Aí você vai na obra lá, tem refeitório com ar-condicionado, nutricionista e tal. Custa mais caro, custa."

Guerra o tranquiliza: "Nossa gente vai fazer uma discussão genérica, não vamos polemizar as coisas. […] Eu tenho horror a CPI, nem a da Dinda [possível referência à investigação contra o então presidente Fernando Collor] eu assinei, é uma coisa deplorável, fazer papel de polícia. Parlamentar fazendo papel de polícia".