Política do governo Temer é cadeia para as mulheres, alerta UBM

Com a nomeação da ex-deputada Federal Fátima Pelaes (PMDB) como gestora da Secretaria de Política para as Mulheres, que declarou recentemente ser contra o aborto, inclusive em casos de estupro, diversos setores da sociedade denunciam o quão nocivo é a sua permanência na pasta, causando grandes retrocessos às políticas públicas para as mulheres. 

Política do governo Temer é cadeia para as mulheres, alerta UBM

A UBM lançou uma nota nesta sexta-feira (3) rechaçando a nomeação de Fátima Telles.

Confíra a íntegra da nota: 

Política do governo Temer: cadeia para as mulheres

A União Brasileira de Mulheres repudia a nomeação da antifeminista Fátima Pelaes como gestora da Secretaria de Política para as Mulheres.

Não bastasse a extinção do Ministério das Mulheres e conversão em uma secretaria completamente secundária, o governo golpista de Michel Temer dá mais uma inequívoca demonstração de machismo ao nomear para o órgão que deveria ser responsável pela redução das inúmeras e abissais desigualdades de gênero que ainda marcam o Brasil, uma mulher que é flagrantemente contra os direitos das mulheres, afinal, nas palavras da própria, “não levantará políticas que destoem dos valores bíblicos”.

Nos últimos anos, sob Lula e Dilma, o Brasil vinha conhecendo políticas públicas que visavam o empoderamento das mulheres, o combate às múltiplas formas de violência de gênero e a garantia dos direitos sexuais e direitos reprodutivos, como a lei que garante o atendimento humanizado e o respeito aos direitos da vítima de violência sexual. Infelizmente, com a nova secretária, caminhamos para o retrocesso de criminalizar também o aborto da vítima de estupro (garantido em lei desde 1940!), uma vez que ela é contra o direito ao aborto mesmo sob esta condição.

Em uma semana que já teve estuprador confesso sendo recebido no MEC, estupro coletivo no Rio de Janeiro e anúncio de política “vazia” de combate à violência pelo Ministério da Justiça, o anúncio de uma evangélica antifeminista para a Secretaria da Mulher apenas confirma o descompromisso do governo golpista com os direitos das mulheres. Confirma o que milhões já sabíamos: #OGolpeÉMachista e continuaremos lutando pelo Fora Temer! As mulheres brasileiras não aceitaremos retrocessos!

Instituto Ethos

O Instituto Ethos também se manifestou contrário a nomeação de Fátima, segunda nota divulgada, " entendemos que a ex-deputada Fátima Pelaes não deve ser nomeada para a Secretaria de Mulheres até que se esclareça seu envolvimento nos atos ilícitos", afirma um trecho da nota.

Confira a íntegra da nota: 

O Instituto Ethos entende que a ex-deputada Fátima Pelaes não deve ser nomeada para a Secretaria de Mulheres até que se esclareça seu envolvimento nos atos ilícitos investigados pelo Ministério Público Federal e pela Procuradoria-Geral da República, conforme foi noticiado hoje pelos principais veículos de comunicação do país.

Vemos com grande preocupação as repetidas nomeações de ministros e secretários pelo governo de Michel Temer acusados de envolvimento em casos de corrupção ou de interferência em investigações em andamento. Acreditamos que, acima de tudo, os cargos no poder público não devem ser ocupados por indivíduos associados e/ou suspeitos de associação a casos de corrupção.

A questão das mulheres merece um olhar cuidadoso por parte de toda a sociedade. No Brasil, elas representam somente 10% do Congresso Nacional e apenas 13,7% ocupam cargos executivos nas 500 maiores empresas do país, embora tenham maior nível de escolaridade do que os homens. Além disso, recebem salário 30% menor do que homens que estejam na mesma posição. Esses fatos denotam a importância de ações contundentes de estímulo à valorização e à mudança da sub-representação das mulheres nesses importantes segmentos sociais.

O avanço das mulheres nesses espaços é fator-chave para a necessária inflexão de nosso modelo de desenvolvimento, no sentido de proporcionar uma maior inclusão, redução da desigualdade, respeito ao meio ambiente e cultura de paz e confiança. As lideranças nos espaços de governo e empresas inspiram e sinalizam mudanças para toda a sociedade e, assim, não podemos correr o risco de retrocessos nesse importante tema para o país.