Luciana: Ampliar a resistência para reverter votos e barrar o golpe

A presidenta do PCdoB, deputada Luciana Santos, avalia que é possível derrotar o golpe em curso no Senado e frear, assim, retrocessos levados adiante pelo governo “biônico” de Michel Temer. Segundo ela, para reverter os votos necessários e barrar o impeachment, é preciso ampliar a resistência, incorporando novos atores à luta. Nesse sentido, afirma, o PCdoB entrelaça a defesa da democracia à bandeira do plebiscito sobre novas eleições, que tem apoio de senadores e garante a soberania popular.

Para a parlamentar, apesar das derrotas sofridas na Câmara e na votação da admissibilidade do processo de impedimento pelos senadores, o momento mais importante, que é o julgamento no Senado, ainda está por vir.

“O PCdoB tem convicção de que é possível barrar o golpe. (…) E nós vamos nesse dia [do julgamento] determinar se prevalece a democracia, a vontade popular, uma agenda avançada de inclusão para o país ou se a gente retrocede anos”, diz a deputada, em entrevista ao Vermelho

Frear retrocessos de Temer

De acordo com ela, já está evidente o significado do governo antipopular do interino Michel Temer. “É um pacote de maldades, desde a conformação de seu governo, que não tem mulheres ou negros, à destruição daquilo que é fundamental para um Estado que garanta um mínimo de qualidade de vida possível para os brasileiros”, critica.

Luciana aponta ainda que a gestão provisória quer destruir políticas vitoriosas – como as políticas culturais e de inclusão social – e promover retrocessos nos direitos humanos e na economia, interrompendo as perspectivas de que o Brasil ultrapasse os limites de um país tão dependente de commodities. De acordo com ela, minério, agricultura e petróleo são recursos estratégicos, mas o Brasil precisa ir além deles.

“Precisamos ser o país da tecnologia da informação, da produção de produtos que dialoguem com as tecnologias portadoras do futuro, da liberdade, da tolerância, o país em que as conquistas de direitos humanos não retrocedam”, afirma, citando o símbolo contido na extinção de ministérios como o da Previdência Social. “São retrocessos de anos-luz”, lamenta.

“Mas temos toda a possibilidade de derrotar essa agenda. E derrotar essa agenda é barrar o golpe no Senado”, diz. Luciana lembrou que, para aprovar o impeachment, é preciso ter dois terços dos votos. E, na votação que aprovou a admissibilidade, os opositores da presidente tiveram apenas dois votos a mais que este montante. “Nós podemos reverter isso”, defende.

Ampliar a luta e aconsciência democrática

Na avaliação da presidenta do PCdoB, para isso, é preciso “garantir que a nossa luta e a consciência democrática, que extrapolou os movimentos sociais e a militância partidária, se alargue mais”, alcançando trabalhadores e setores populares até então distantes.

“Tem muita gente que tem diferenças com a política que a presidenta Dilma Rousseff implantou no segundo mandato, mas discorda mais ainda desse desfecho. Não quer ver a soberania popular e as suas conquistas retrocederem”, avalia, ao advogar que o foco da resistência deve ser a luta pela democracia.

Luciana destacou ainda que 30 senadores são favoráveis a antecipar as eleições e, nesse sentido, incorporar a bandeira da realização de um plebiscito, no qual a população seja convocada a opinar sobre o assunto, é algo que dialoga com o sentimento do Senado e ajuda na luta contra o golpe.

“Se você barra o golpe, pergunta à população se ela quer a continuidade da presidenta ou a antecipação de eleições, você amplia a luta política e incorpora mais gente, garantindo a soberania popular, que é basilar para garantir conquistas e ampliar direitos”, conclui a deputada.