Como porta-voz do governo Temer, Mendes minimiza queda de ministros

Assumindo a postura de um porta-voz do governo de Michel Temer, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), disse nesta terça-feira (31) não ver "surpresa" na saída do segundo ministro do governo Michel Temer em menos de um mês após o peemedebista assumir interinamente a Presidência.

Gilmar Mendes e Temer posse TSE - Anderson Riedel/VPR

"É um governo provisório, que faz experimento e que teve que compor numa situação de emergência. Então não é surpresa que haja esse tipo de situação. Depois, também, essa questão aí da Lava Jato tem tido uma repercussão enorme e ampla irradiação no sistema político. Então, a mim parece que isso é pouco inevitável", disse Mendes ao comentar a saída de Fabiano Silveira, que ocupava o Ministério da Transparência (Antiga AGU), e foi flagrado em gravações orientando o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, a agir perante as investigações da Lava Jato.

Mendes também minimizou o escândalo e disse que não vê "necessariamente" repercussão da saída do segundo ministro sobre o resultado do impeachment da presidente Dilma Rousseff.

"Não necessariamente. Não vejo essa repercussão. Agora, isso como mostra quão difícil é governar, é ter estabilidade, especialmente num quadro dessa dificuldade. Quer dizer, um governo provisório, depende ainda do impeachment, tem que compor um governo com essa perspectiva, tem que fazer reforma, precisa de ter apoio na Câmara e no Senado", afirmou.

Segundo o ministro do STF, a situação mostra que é preciso trabalhar com a "segunda melhor opção", e não a primeira, com um "governo de notáveis", se referindo a declaração de Temer que disse em entrevistas, antes mesmo da aprovação do afastamento de Dilma pelo Senado, que sua equipe ministerial seria formada por um grupo de "notáveis".

"'Ah, quero fazer um governo de notáveis' ou coisa do tipo… Tem que conversar com os russos né", disse.