Senadoras alertam para gravidade de um presidente do BC autônomo 

O economista Ilan Goldfajn será sabatinado nesta quarta-feira (1°/5) na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado para o cargo de presidente do Banco Central (BC). A oposição já prepara os questionamentos ao economista do Banco Itaú.

banco central - Reprodução

Uma das maiores defensoras da democracia e da presidenta eleita Dilma Rousseff, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), disse que um dos pontos que serão questionados é o que trata da autonomia do Banco Central. “Temos que desmontar essa tese.”

Para Vanessa Grazziotin, o impacto de um presidente do Banco Central autônomo “é gravíssimo”. “Você não pode esperar de quem trabalhou a vida inteira para favorecer o sistema financeiro, que aja em defesa do estado brasileiro. Claro que ele vai agir em defesa do mercado. Para o cidadão comum, esse é o pior dos mundos. Sem a recuperação da economia, você vai fortalecer a política ortodoxa de juros altos”, explicou.

A senadora destacou ainda que “ele (Ilan Goldfaj) era até ontem presidente de um dos maiores banco privados do Brasil. Isso é uma farsa, não existe independência”, criticou a senadora.

A presidenta da CAE, senadora Gleici Hoffmann, também criticou a indicação. “Do ponto de vista político é uma situação muito difícil. Porque nós vamos ter um presidente do Banco Central que não é só economista chefe de um banco, como sócio-proprietário deste banco. Nunca é demais lembrar que nós exigimos na saída dos presidentes do Banco Central a quarentena e não se está se exigindo nenhuma quarentena na entrada, ou seja, nós vamos ter um banqueiro no Banco Central”, disse.

A senadora afirmou que o esforço dos apoiadores do governo de Michel Temer é para que Ilan Goldfajn já esteja presidindo o Banco Central na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), responsável por fixar a taxa básica de juros do país, nos dias 7 e 8 de junho.

Após a apreciação na CAE, o nome do economista precisa ser aprovado pelo plenário do Senado. Como geralmente acontece, para acelerar o processo, essa matéria deverá seguir com pedido de urgência e, segundo adiantou Gleisi Hoffmann, a votação no plenário pode ocorrer também esta semana.

Autonomia do BC

Na semana passada, o ministro da Fazenda, Henrique Meireles, disse que o governo vai enviar ao Congresso Nacional uma Proposta de Emenda à Constituição para garantir autonomia operacional ao BC.

Na ocasião, o ministro explicou que a autonomia para tomar decisões não se confunde com independência e com a adoção de mandatos para a diretoria do BC. “O que vai ser definido formalmente é a autonomia técnica. No momento, não há definição de mandato que seria o caso de uma independência formal do Banco Central, o que é uma questão que será sempre objeto de discussão”, disse.