Meirelles recua e diz que não há pressa em extinguir Fundo Soberano

"Decisão sobre Fundo Soberano é imediata", disse o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, na última terça (24), ao anunciar a extinção do fundo. Menos de uma semana depois, ele parece ter mudado de ideia, em mais um recuo na gestão provisória de Michel Temer (PMDB-SP). Nesta segunda (30), ele declarou que não há pressa em se desfazer das ações do Banco do Brasil que compõem o Fundo Soberano.

Henrique Meirelles

Durante evento realizado nesta segunda, na Câmara de Comércio França-Brasil em São Paulo, ele defendeu que não há motivos para o fundo continuar existindo. "O Fundo foi criado em momento em que existia expectativa de que haveria grande sobre de recursos para o Tesouro com exploração do pré-sal, realidade que se revolou outra", disse. 

Mas, mudou o tom ao falar do assunto, deixando de lado a urgência. "Não tente se antecipar aos movimentos se não você pode perder dinheiro", disse Meirelles. A citação faz referência às ações do Banco do Brasil (BBAS3), que fazem parte da composição do fundo e que caíram forte na semana passada por conta do anúncio do fim do Fundo.

Segundo o ministro da Fazenda, as vendas serão feitas em momentos certos para não impactar o mercado, e a participação pequena nas vendas do Fundo não trará tanto impacto no preço das ações.

Em 2007, o ministro da Fazenda, então presdiente do Banco Central, tinha outra opinião sobre o Fundo Soberano. Matéria publicada em O Estado de S. Paulo atesta, em seu título: "Meirelles: fundo soberano é positivo para o Brasil". Na ocasião, os estudos para a criação do fundo estavam no início.

Ele só seria criado no ano seguinte, com a sobra do superávit primário (economia para pagamento de juros da dívida) que existia naquele momento. O objetivo era abastecê-lo também com o dinheiro ganho com a exploração do pré-sal e a ideia é que ele funcionasse como uma reserva para momentos de crise. 

Em outras matérias publicadas antes da criação do fundo, Meirelles lembra ainda que vários países do mundo possuem tal reserva.

A extinção do fundo, anunciada por Meirelles tem sido criticada por vários economistas e parlamentares. Eles afirmam que o país perderá, assim, um instrumento de política econômica do governo para trabalhar em momentos de recessão e crise.