Armando Monteiro: Medida de Temer prejudica setor produtivo

O ex-ministro de Desenvolvimento Econômico, senador Armando Monteiro (PTB-PE), criticou nesta segunda (30) a decisão do presidente provisório Michel Temer (PMDB-SP) de cobrar a devolução de R$ 100 bilhões do BNDES para pré-pagamento ao Tesouro. Para ele, a medida acarretará vários prejuízos ao setor produtivo nacional e não trará benefícios significativos às contas públicas.

Armando Monteiro anunciado ministro Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - Léo Caldas/PTB

Em vídeo publicado nas redes sociais da presidenta eleita Dilma Rousseff, ele afirmou que a devolução só se justificaria pela necessidade de reduzir a dívida bruta. 

“Mas o reflexo dessa medida na redução da dívida bruta, quando se projeta até 2020, é muito pequeno, se levarmos em conta os prejuízos que isso causará à manutenção dos programas e das linhas de financiamento do banco”, disse.

De acordo com Armando, tais programas são “imprescindíveis” para apoiar o setor produtivo. “O funding, as fontes de financiamento do banco serão drasticamente reduzidas com esta medida, sem que ela proporcione benefícios que a justifiquem. Haverá um prejuízo para o setor produtivo, uma redução das linhas de financiamento ao investimento, ao capital de giro das empresas, ao apoio às exportações, especialmente pelo papel insubstituível que o banco tem no financiamento dos pré-embarques”, lamentou.

Na abertura do vídeo, a própria presidenta Dilma introduziu a fala do ex-ministro e classificou a operação de retirada dos R$100 bilhões do BNDES como um “retrocesso”.

Economistas como o professor da UFRJ, João Sicsú, e o especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, Paulo Kliass, também criticaram a medida. Sicsú avalia que trata-se de retirar do banco seu papel como indutor do desenvolvimento; Kliass classifica a operação como uma “pedalada micheliana” e destaca que há dúvidas inclusive quanto à viabilidade jurídica de tal feito.

Política comercial

No vídeo, Armando Monteiro disse ainda que o governo Dilma centrou suas ações em mercados mais dinâmicos, mas também reforçando laços construídos ao longo do tempo. Ele destacou acordos firmados com os Estados Unidos e com países da bacia do Pacífico.

"Nós celebramos com os EUA, que são o principal mercado de manufaturados do Brasil, um acordo inédito de convergência regulatória. Isso significa remover barreiras não tarifárias, melhorando extraordinariamente as condições de acesso de produtos", afirmou. Segundo ele, também foi priorizada a relação com países da bacia do Pacífico, além da perspectiva de acordo do Mercosul com a União Europeia.

"O acordo entre o Mercosul e a União Europeia vai inserir o Mercosul nesta rede de acordos internacionais com a região que representa o bloco econômico mais importante do mundo", afirmou.

Em uma contraposição às declarações do atual ministro provisório de Relações Exteriores, José Serra (PSDB-SP), Armando defendeu que acordos bilaterais, regionais e multilaterais são “dimensões que não se excluem, se complementam e se fertilizam mutuamente”.

Como chanceler, Serra tem declarado que deve priorizar acordos bilaterais, em detrimento de negociações multilaterais. Também tem dito que vê necessidade de "flexibilizar" o Mercosul. 

Confira abaixo o vídeo: