Dilma: Medidas tomadas por Meirelles condenam saúde e educação

Em entrevista dada à colunista Mônica Bergamo, do jornal paulistano Folha de S.Paulo, a presidenta Dilma Rousseff explica que não colocou em prática um outro projeto de governo que não aquele que foi defendido em campanha e faz críticas à gestão de Henrique Meirelles na Fazenda, porque provoca cortes de investimentos em saúde e educação.

Presidenta Dilma Rousseff

Para Dilma, o presidente ilegítimo Michel Temer erra ao não criar impostos e fazer cortes em áreas como saúde e educação, pois quem paga por isso é a população.

"Eu não concordo com essas medidas [anunciadas pelo ministro na semana passada]. Não sei se é dele essa ideia de propor o orçamento base zero [que só cresce de acordo com a inflação do ano anterior]. Mas não é possível num país como o nosso, não ter um investimento pesado em educação. Sem isso, o Brasil não tem futuro, não. Abrir mão de investimento nessa área, sob qualquer circunstância, é colocar o Brasil de volta no passado. É um absurdo", diz a presidenta.

Dilma explica também que, apesar de cortes em seu governo, e por causa de um ano "terrível em 2015", fez todos os esforços para não ter corte em programa social.

"Nós nunca entramos nessa do pato [símbolo criado pela Fiesp para protestar contra aumento de impostos]. Aliás, o pato tá calado, sumido. O pato tá impactado. Nós vamos pagar o pato do pato, é? Porque quem paga o pato, quando não se tem imposto num país, é a população. Vai ter corte na saúde. Já falaram em acabar com o Mais Médicos, já falaram que o SUS não cabe no orçamento. Depois voltaram atrás", diz Dilma.

"Entre fazer isso [cortes em área sociais] e criar um imposto, cria um imposto! Para com essa história de não criar a CPMF. Só não destrói a educação e a saúde. Não tira as crianças da sala de aula. É essa a discussão que precisa ser feita e não uma discussão genérica sobre o pato", sublinha.

Sobre a política econômica adotada depois da eleição, Dilma explica que havia uma política anticíclica e que ela acabou. "A guinada é essa. Agora, isso não significa que não possamos ter errado nisso e naquilo. Porque senão fica assim 'não errei em nada'. Não é isso".