Centrão e PMDB garantem aprovação de “qualquer proposta” de Temer 

O maior bloco parlamentar já formado na Câmara desde a Constituinte de 1988, o Centrão, como está sendo chamado os 350 deputados de 13 pequenos e médios partidos, que prometeram apoio ao governo ilegítimo de Michel Temer , está disposto a aprovar qualquer medida enviada pelo Palácio do Planalto ao Congresso, inclusive mudanças na Constituição.  

Centrão e PMDB garantem aprovação de “qualquer proposta” de Temer - Agência Câmara

Junto com o PMDB, que tem uma bancada de 75 deputados, o conglomerado partidário deve garantir pelo menos 400 votos ao governo na Casa, já contabilizadas as dissidências. Compõem o grupo legendas como o PP, PSD, PTB, PSB, SDD, PRB, PTN, PR e outros menos conhecidos.

A força do Centrão já foi percebida por Temer na imposição do deputado André Moura (PSC-SE) como novo líder do governo na Câmara. O grupo também conseguiu eleger o presidente da Comissão Mista de Orçamento, Arthur Lira (PP-AL).

Até o final do ano o Centrão quer encorpar a candidatura de um dos seus líderes, o deputado Jovair Arantes (PTB-GO), à Presidência da Câmara na eleição de fevereiro de 2017. Antes, porém, quer livrar da cassação por quebra de decoro o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Saco de Maldades

Entre as prioridades do Centrão está a extinção do Fundo Social do Pré-sal. Criado em 2010 pelo Congresso em acordo com o então primeiro governo da presidenta eleita Dilma Rouseff, o fundo é uma espécie de poupança administrada pelo Executivo e mantida pelos royalties e participações especiais a que a União tem direito, por lei, na exploração do pré-sal, para aplicação na educação e saúde.

Hoje, o fundo tem um saldo estimado em R$ 2 bilhões e Temer disse que vai acabar com o fundo para usar os recursos para equilibrar as contas públicas. O Centrão já avisou que votará a favor.

O centrão decidiu, por exemplo, reduzir o número de interferências de deputados nas votações dos vetos do Executivo, em sessões do Congresso. O objetivo era limpar a pauta com a definição sobre os vetos presidenciais para que a nova meta de deficit de R$ 170,5 bilhões começasse a ser votada, como exigia a pressa de Temer.

Formado por deputados do “baixo clero”, como é chamada a grande maioria desconhecida, o Centrão também está disposto a aprovar a reforma da Previdência cogitada por Temer. Com exceções de parlamentares trabalhistas que já estão sendo convencidos sobre a necessidade da mudança, o bloco também já se definiu a favor de temas como privatizações de aeroportos e estradas, para reduzir o tamanho do Estado.

Com 350 deputados, sozinho o Centrão pode aprovar até emendas constitucionais de interesse do governo, que exigem 308 votos. “Nosso único objetivo é garantir a governabilidade e garantir a recuperação da economia”, disse Rogério Rosso (PSD-DF), que foi o presidente da Comissão Especial do Impeachment na Câmara e é um dos coordenadores do grupo.

Ameaças à Maranhão

O poder do Centrão na Câmara já foi testado também no caso do presidente interino da Casa, Waldir Maranhão (PP-MA), que atraiu o ódio dos golpistas e é considerado um empecilho ao governo ilegítimo porque foi contra o impeachment da presidenta Dilma. Ele é identificado como oposicionista, apesar de pertencer a um partido que compõe o grupo e está na base de apoio parlamentar de Temer.

Em reunião na última segunda-feira (23), os coordenadores do Centrão pressionaram e conseguiram afastar Maranhão sessões plenárias da Câmara. Sob ameaça, ele aceitou transferir informalmente ao segundo vice-presidente da Casa, Fernando Giacobo (PR-PR), a coordenação dos trabalhos em plenário. Na ausência de Giacobo, o substituto acionado para substituir Maranhão é o primeiro secretário Beto Mansur (PRB-SP).

Para convencer o presidente interino da Casa, o Centrão ameaçou cassar o mandato de Maranhão por quebra de decoro por causa de decisão que anulou – no dia seguinte, ele desfez o ato – a sessão da Câmara do dia 17 de abril que aprovou a abertura do processo de impeachment da presidente Dilma. O Centrão tem maioria no Conselho de Ética e no plenário, o que lhe garante número suficiente para mandar Maranhão de volta para casa e com direitos políticos suspensos por oito anos.