Política anacrônica de Serra é um golpe contra a integração regional

O professor de Relações Internacionais da PUC-RJ, Luis Fernandes, destaca os retrocessos da política externa anacrônica do ministro interino das Relações Exteriores do Brasil, José Serra. Com o governo interino de Michel Temer, a política externa brasileira aplica novamente a fórmula dos anos 90 que consiste em estreitar relações com os Estados Unidos mesmo que isso signifique, uma vez mais, virar as costas para o projeto de integração da América Latina.

Luis Fernandes - Toni C.

Em conversa com o Vermelho, Fernandes afirma que os recentes pronunciamentos de Serra a frente do Itamaraty evidenciam uma “subordinação [do Brasil] à agenda dos Estados Unidos e da Europa”. Ou seja, o país abre mão de seu papel protagonista no projeto de integração continental para novamente se submeter à ingerência de grandes grupos econômicos estrangeiros. 

“Evidentemente há uma contradição entre uma orientação que valoriza a multipolarização em curso no sistema internacional e outro que acha que o interesse brasileiro está em se aliar às potências tradicionais do sistema”, explica o cientista político.

A política externa nacional mudou seu perfil durante o governo Lula e seguiu de forma “altiva e ativa” com costumava dizer o ex-chanceler Paulo Amorim, rumo ao fortalecimento das relações de integração continental e melhor posicionamento na geopolítica mundial. Serra, porém, representa exatamente o contrário: “o risco institucional para a integração latino-americana passa a ser muito grande, já que o próprio governo, através do ministro Serra, anunciou sua prioridade para acordos bilaterais que em última instância ferem os princípios que norteiam a constituição do Mercosul e a própria proposta de integração estratégica da Unasul”, esclarece o professor Fernandes.

Para Fernandes, é preciso estar atento para observar como será o desdobramento desta mudança drástica de direcionamento, afinal, Temer terá de enfrentar interesses nacionais e ao mesmo tempo apresentar o país como uma vitrine ao capital estrangeiro.

Assista a integra da entrevista: