Um filme sobre futebol e a luta pela democracia

Em tempos de luta pela democracia o filme “O ano em que meus pais saíram de férias” (2006) é uma boa opção para relembrar os tempos sombrios da ditadura em que o país viveu sob uma violenta tirania e sem direitos democráticos.

Por Thiago Cassis*

Cena do filme “O ano em que meus pais saíram de férias”

Com direção de Cao Hamburger e roteiro de Anna Muylaert, o longa-metragem com a história do garoto Mauro que é apaixonado por futebol e, mais especificamente, por jogo de botão. Conta com a participação de Caio Blat, Daniela Piepszyk (como a pequena fã de futebol, Hanna), Germano Haiut, e Michel Joelsas no personagem principal.

Filho de pai judeu, o garoto tem que se mudar às pressas de Belo Horizonte para São Paulo, onde vive o avô de Mauro. O motivo da mudança é o fato de seus pais serem militantes de esquerda e no período, 1970, estarem lutando pela volta da democracia ao país. Perseguidos pela ditadura, os pais do garoto o levam para São Paulo, mais especificamente para o bairro do Bom Retiro, que na época ainda tinha os judeus formando a maior parte de seus moradores (hoje os judeus ainda estão lá, entre coreanos, bolivianos e imigrantes de outros lugares).

O garoto chega ao Bom Retiro justamente no período que antecede a Copa do Mundo de 1970 e anda pelas ruas do bairro, como a Rua da Graça e a Rua Três Rios, com sua camiseta amarela esperando ansiosamente pela estreia do Brasil no mundial, acompanhando discussões de bar sobre se Tostão e Pelé poderiam ser titulares e correndo atrás da figurinha do zagueiro titular da seleção e do Grêmio, Everaldo, que faltava na sua coleção.

Não adiantarei maiores detalhes da trama do filme, espero que todos assistam. Qualquer nova informação e estaria contando mais do que deveria para quem ainda não assistiu.

Para os amantes do futebol basta dizer que o esporte é o pano de fundo do filme e é mostrado sempre da forma mágica como só aparece aos olhos das garotas e garotos que começam a descobrir, como Mauro, todo o encanto das figurinhas, da bola de “capotão”, das partidas nas ruas e das páginas de Placar (essa hoje já desabou e foi até vendida, talvez pelos descaminhos de sua editora).

E, para nós, defensores da democracia, que lutamos contra um novo golpe, atualmente em curso no país, é um importante registro do sofrimento causado por um recente período ditatorial e da brava luta dos militantes que lá estavam.

O filme começa sútil e simples como uma partida botão na mesa de centro da sala de estar e termina bonito e denso como uma final de Copa do Mundo. Vale a pena conferir.

Assista ao trailer: