Temer diz que sabe governar porque já "tratou com bandido"

Em seu primeiro pronunciamento após a divulgação da conversa de seu ministro Romero Jucá que desnudou o golpe, o presidente interino Michel Temer disse durante a reunião com líderes de partidos da base golpista, nesta terça-feira (24), que é vítima de "agressões psicológicas". Ele salientou que seu "governo será do diálogo" e que "sabe o que fazer no governo" porque já "tratou com bandido".

Temer e Cunha

"Tenho ouvido: 'Temer está muito frágil, coitadinho, não sabe governar'. Conversa! Fui secretário de Segurança duas vezes em São Paulo e tratava com bandidos", afirmou batendo com uma das mãos sobre a mesa. "Então eu sei o que fazer no governo".

Em entrevista aos jornalistas, Geddel Vieira Lima, que ocupa a Secretaria de Governo, foi questionado se Temer se referia à classe política ou aos movimentos sociais quando fez referência aos "bandidos".

"Ele [Temer] já enfrentou problemas e tem estofo para aguentar qualquer tipo de pressão com diálogo e firmeza, sem violência. Ele está absolutamente preparado para enfrentar as pressões que o cargo impõe", desconversou Geddel.

Na linha de se afastar de Jucá e da conversa com Sérgio Machado, divulgadas pela Folha de S. Paulo, Temer disse na reunião, em tom irônico, que a base de seu governo não deve dar "atenção" ao que chamou de "agressão" e, inclusive, deve aplaudir os adversários políticos que quiserem "esbravejar".

"Falam como se quem está no governo não pudesse voltar atrás. Nós somos como JK [Juscelino Kubitschek], nós não temos compromisso com o equívoco", disse. "Eu sei o que fazer no governo. Quando perceber que houver equívoco, consertá-lo-ei."

Temer tenta minimizar o constrangimento que viveu diante do protesto durante sua ida ao Congresso nesta segunda-feira (23), quando ele foi entregar a nova proposta de meta fiscal do governo federal. O usurpador foi recebido sob vaias e aos gritos de "golpista".

Disse ainda que "nenhuma medida será tomada sem concordância da sociedade" e que "ninguém quer barrar investigações", apesar das afirmações de Jucá, seu fiel escudeiro, evidenciar o contrário. Temer disse que quer "cumprir uma missão que Deus colocou em sua frente".