Temer é recebido no Senado com vaias e gritos de "golpista"

A primeira visita do presidente interino, Michel Temer (PMDB-SP) não saiu como esperavam os aliados do governo. Sob protestos, vaias e gritos de "golpista", o presidente ilegítimo Michel Temer (PMDB-SP) esteve no Senado para entregar ao presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), a nova proposta de meta fiscal de 2016, que prevê um déficit de R$ 170,5 bilhões.

Temer é chamado de golpista no senado

Se Temer pretendia fazer pronunciamento e conceder entrevistas para tentar justificar os cortes que fará, às custas do trabalhador, a queda disfarçada de licença do ministro do Planejamento, Romero Jucá, terminou estragando seus planos. 

Visivelmente constrangido, o presidente interino entrou no Senado pela chapelaria, prometendo falar com a imprensa e sendo reverenciado por aliados. Saiu calado, em meio a gritos e cartazes levantados em sua direção e na dos ministros que o acompanharam e preferiu entrar no carro sem falar com os jornalistas.

O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, que se atrasou e chegou para a reunião um pouco depois do presidente, entrou de cabeça baixa. Precisou ser conduzido com a ajuda de seguranças legislativos e não respondeu aos pedidos dos jornalistas.

Na sala do presidente do Senado, encontravam-se os ministros Henrique Meirelles (Fazenda), Geddel Vieira Lima (secretário de Governo), Romero Jucá (titular da pasta de Planejamento, minutos antes de anunciar que estava se licenciando) e vários deputados e senadores.

Conforme contou Renan após o encontro, tratou-se de uma reunião para entrega formal da proposta de alteração da meta fiscal do governo. Calheiros ainda disse que o presidente interino fez um apelo aos deputados e senadores para que aprovem a mudança da meta, de forma a ajudar o Executivo e o país.

O presidente do Senado ressaltou que, por conta disso, antecipou a sessão conjunta do Congresso, que estava programada para se realizar a partir das 16h de amanhã para as 11h, para poder possibilitar, além da apreciação de outras matérias, a discussão e votação dessa proposta de mudança de meta.

O PT anunciou que vai obstruir a pauta, mas Renan disse que trabalhará pela mudança. “É natural. A obstrução é regimental. Não vamos atropelar o regimento (…) Me comprometi em ajudar e digo aqui que vamos nos esforçar para continuar ajudando o país da mesma forma como nos comprometemos com os integrantes do governo Dilma Rousseff. O que está em jogo, neste momento, não é o Michel, mas o Brasil”, disse Calheiros.

Para se ter ideia de como a programação do Executivo deu errado nesta segunda-feira, estava prevista uma entrevista coletiva a ser concedida pelo presidente interino no Palácio do Planalto às 17h, ao lado de ministros da equipe econômica, para falar sobre a meta fiscal e divulgar novas medidas a serem adotadas pelo Executivo. A reunião terminou sendo cancelada.