PSB decide que não indicará nomes para governo Temer

A Executiva Nacional do PSB decidiu nesta terça-feira (10) que a direção do partido não vai indicar nem chancelar nomes para compor o ministério de um eventual governo de Michel Temer (PMDB). O partido, que orientou sua bancada a votar a favor do impeachment, evita, assim, se associar a um governo ilegítimo que terá ajudado a chegar ao poder. 

Carlos Siqueira

A resolução foi aprovada por 22 votos a oito, em uma reunião que terminou no começo da noite em Brasília. Segundo a assessoria do partido, a legenda adotará uma postura de não apoiar o peemedebista nem fazer oposição a ele. E, se alguém do partido for nomeado no Executivo, a direção do PSB entenderá como uma indicação da cota pessoal de Temer e que não representará a legenda no governo.

Na realidade, a cúpula do PSB tem receio de que o governo Temer – que se iniciaria com um processo qualificado por muitos como um golpe – não dê certo. Em meio a uma crise econômica e política, o peemedebista deverá padecer de falta de apoio popular, especialmente diante da agenda que pretende implementar. 

Há integrantes da direção do PSB que externaram inclusive a preocupação de uma gestão do atual vice acabar antes do previsto, seja por meio de um impeachment seja por uma cassação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Atualmente, tramita na Câmara um pedido de impedimento contra o peemedebista.

No documento, o PSB destaca o quadro atual de “crises simultâneas no terreno social, político, econômico e federativo, que se retroalimentam e conduzem à degradação dos serviços prestados pela União, Estados e municípios”.

Assinada pelo presidente nacional da legenda, Carlos Siqueira, a resolução responsabiliza o governo da presidente Dilma Rousseff – do qual o PSB participou até 2013 – pela falta de um “projeto estratégico de desenvolvimento sustentável”.

Na resolução aprovada, o partido se compromete a contribuir com Temer por meio de propostas. A resolução reitera dez pontos de uma "agenda mínima" para o Brasil já entregue ao vice-presidente. Algumas propostas, contudo, vão na direção contrária àquilo que já vem sendo anunciado para numa eventual gestão temer.  Essa agenda prevê, por exemplo, a preservação dos direitos sociais conquistados na Constituição de 1988 e a melhoria da educação. 

A plataforma Ponte para o Futuro, defendida pelo PMDB de Temer, contudo, prega uma série de ataques aos direitos sociais e medidas que significarão menos recursos para áreas como Saúde e Educação. É o caso da desindexação de benefícios – inclusive previdenciários – em relação ao reajustes ao salário mínimo e do fim das vinculações constitucionais, como gastos obrigatórios com saúde e educação, que, para o partido do vice, engessam o Orçamento federal. 

O deputado federal Danilo Cabral, secretário de Planejamento do governo de Pernambuco, apoiou a decisão da Executiva. Depois de ter dado seu voto na Câmara em apoio ao impeachment e, consequentemente, à chegada de Temer ao governo, o parlamentar percebeu, pelo visto tardiamente, que a agenda proposta pelo vice representará um retrocesso para o país. 

“O PSB decidiu, corretamente, não participar do Governo Temer. Para o partido não interessa ao Brasil o debate miúdo e rasteiro sobre cargos, que fala apenas para a velha política fisiológica.(…) Lamentavelmente, e diferente do desejo da sociedade, os primeiros sinais do novo governo indicam uma ponte para o passado”, disse.