Estudantes desocupam Alesp e avisam: A luta pela CPI segue mais forte

Os estudantes que estavam ocupando a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) desde a última terça-feira, (3) reivindicando a instalação da CPI da merenda, resolveram desocupar o local nesta sexta-feira (6). Segundo comunicado realizado logo após a saída da Alesp, os secundaristas informaram que não houve violência física por parte da Polícia Militar, mas o governo do Estado conseguiu viabilizar através da "truculência econômica" a desocupação do plenário da assembleia.

Por Laís Gouveia 

Estudantes desocupam a Alesp e avisam: A luta pela CPI segue continua - Mídia Ninja

Ainda no comunicado, os estudantes ressaltaram que a saída da Alesp não significa a desistência da luta pela implementação da CPI. "Foram quatro dias de ousadia, o povo se sentiu representando neste espaço. Ensinamos e aprendemos muito, resistimos, mesmo com toda desinformação, truculência e terror psicológico, nós mantivemos inabaláveis e convictos na legitimidade do movimento. Conquistamos a mais importante vitória: O apoio e o carinho de mães, pais, professores trabalhadores, funcionários da Alesp, artistas, intelectuais, autoridades e os mais diversos setores da sociedade, fazendo toda a diferença para nós. Tomamos um duro golpe da justiça. Há meses travamos uma luta contra o ladrão da merenda, sabemos o valor da democracia e a importância de respeitá-la. Apesar de não ter repressão e violência policial, o governo optou pela truculência econômica e a nossa decisão foi a retirada da ocupação. Na próxima semana estaremos aqui novamente cobrando que cada deputado ouça a nossa voz, a voz de milhares de estudantes secundaristas que há meses estão sem merenda. Seguiremos firmes na luta pelo direito à merenda e para constuir a escola dos nossos sonhos" afirmam.

Resistência 

Os secundaristas, que ocuparam o plenário da Alesp desde a última terça-feira (3) reivindicando as sete assinaturas de deputados que faltam para a abertura da CPI, sofreram inúmeras retaliações por ocuparem o local. Na quarta-feira (4) o presidente da Alesp, Fernando Capez (PSDB-SP), principal nome tucano envolvido no esquema de corrupção na compra de alimentos de cooperativas que tinha como destino o abastecimento das escolas, decidiu cortar a luz do plenário e a entrada de alimentos no local. Deputados do PCdoB, PT e Psol conseguiram barrar a medida do presidente da Casa. Na sequência, medidas jurídicas foram emitidas pelo tribunal de Justiça do Estado, para barrar a ocupação. A presidenta da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) Camila Lanes, foi processada como responsável pela ação dos estudantes e foi emitida uma multa diária para que cada estudante ocupado pagasse 30 mil reais, uma soma de mais de dois milhões diários, em mais uma tentativa intimidar o movimento. 

OAB

A Ordem dos Advogados de São Paulo (OAB-SP) emitiu uma nota nesta quarta-feira (4) rechaçando a conduta de corrupção imposta pelo esquemas de propinas evolvendo figuras centrais do governo Alckmin: "Uma CPI da merenda é urgente" diz um trecho da nota. 

Apoio

Durante todo o processo de ocupação, diversos artistas, músicos e a sociedade civil organizada foram prestar apoio à ocupação. Atividades culturais no plenário reuniram nomes como o cantor Chico Cesar, Edgard Scandurra do grupo Ira, o grupo Teatro Mágico, a atriz Manuela do Monte e o ator Pascoal da Conceição marcaram presença na ocupação.

Edgard Scandurra canta na ocupação 

 
Chico César canta na ocupação