Líder do PCdoB quer discutir anulação do golpe

Deputados do PCdoB avaliaram, nesta quinta (5), que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de afastar o deputado Eduardo Cunha do mandato e do cargo de presidente da Câmara explicita como esteve comprometido o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff na Casa, classificado como "sujo" e fruto de "retaliação". Para o líder do partido, Daniel Almeida (BA), a estratégia será tentar reverter os desmandos de Cunha, inclusive pedindo a nulidade da abertura do processo de impedimento.

Daniel Almeida alerta para caminhos da mídia brasileira - Ass. Lid. PCdoB na Câmara

Segundo o parlamentar, a decisão do STF comprova a prática de retaliação do presidente da Câmara. “A principal delas foi o acatamento da proposta de impeachment. Todo o país sabe que ele adotou esta medida para retaliar a presidente Dilma, que não pactuou com ele em defesa do seu mandato sujo", criticou.

"Cabe discutir agora, em nome dos interesses do Brasil, se nós vamos validar todos estes atos. Cabe aqui nós discutirmos a anulação de todos os estes atos, inclusive o acatamento do impeachment da presidenta”, completou.

A vice-líder do governo na Câmara, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) defendeu que o afastamento de Cunha expôs ainda mais “o quão sujo era o conluio para afastar Dilma Rousseff”.

“Ele usou seu cargo para se salvar e para tentar cassar a presidenta Dilma. Esse imepachment é caracterizado como mais sujo, diante disso tudo. Além disso, [o vice-presidente Michel] Temer é condenado pelo TRE de São Paulo como ficha suja. [São] dois fichas sujas, querendo tirar uma presidenta honesta. Agora temos de ficar atentos. Agora, com o afastamento definitivo de Cunha, deve haver eleição para novo presidente da Câmara e precisaremos articular para não ter um sucessor dele”, disse.

Para Jandira, ao menos por enquanto, com a saída de Cunha, "a Câmara se livra do autoritarismo, da ilegalidade, do arbítrio e de uma pauta absolutamente conservadora. E, acima de tudo, das ilegalidades e manobras contra a dmeocracia brasileira".

Mais cedo, a deputada Alice Portugal também havia defendido a nulidade do processo de impeachment, "na medida que alguém completamente inapto para conduzi-lo o fez".

De acordo com o deputado Rubens Pereira Jr (PCdoB-MA), apesar da demora, a decisão do Supremo foi justa. “Foi uma decisão atrasada. Essa semana, inclusive, fomos ao STF cobrar agilidade, mas apesar da demora é uma decisão justa. Teori demonstrou que ele deveria ser afastado e a decisão foi mantida pelos demais, como forma de higienizar um pouco o Parlamento e dizer que o presidente da Câmara pode muita coisa, mas não pode tudo”, diz o parlamentar ao lembrar que no dia 9 de dezembro o PCdoB, junto com outras sete legendas – PT, PDT, PSol, Rede, PTN e PTdoB – também apresentou uma representação à Procuradoria-Geral da República, pedindo o afastamento de Cunha.

O PT já anunciou que pedirá ao Supremo a nulidade da sessão que instalou o impeachment de Dilma. “Se Cunha não pode presidir a Câmara, como pode presidir a sessão do golpe?”, questionou a deputada Maria do Rosário (PT-RS).