"Sem dólar" e sem concorrer com FMI: O projeto econômico do Brics

Aleksandr Lukachik, chefe do departamento da planificação de política externa do Ministério das Relações Exteriores da Rússia e da seção do Brics, deu uma entrevista à agência russa de notícias Sputnik sobre o Banco de Desenvolvimento do Brics e outras questões envolvendo o bloco econômico.

Bandeiras nacionais dos países membros do Brics

Leia abaixo trechos da entrevista:

Sputnik: Conta-nos, por favor, sobre o Banco de Desenvolvimento do Brics.

Aleksandr Lukachik: O acordo de criação do Banco de Desenvolvimento foi celebrado em Fortaleza durante a cúpula do grupo Brics em 2014. Já em 2015 ele começou a funcionar. Depois disso, os representantes dos nossos países discutiam o conteúdo dos documentos que regulam o funcionamento do banco. Agora estes documentos estão sendo aprovados pelos representantes. O Banco já está de fato operando. A sua sede foi estabelecida em Xangai após a celebração do acordo entre os representantes da China e os chefes deste Banco.

Países do Brics mantêm a rota em direção à renúncia do dólar e a passagem ao comércio nas moedas nacionais…

Agora se trata do aumento dos volumes e intercâmbios entre os nossos países em moedas nacionais.

Então, sem uso de dólar?

Então, sim. Por exemplo, existe um acordo de 2015 entre o Banco Central da Rússia e o Banco Nacional da China de estabelecimento da linha de swap entre estes bancos e também da cooperação entre bancos comerciais. Foram realizados testes bem sucedidos. Agora estamos discutindo a questão de aumento do comércio, pelo menos, entre a Rússia e a China em moeda nacional. Estudamos a questão de tais operações entre a Rússia e a Índia e também entre a Rússia e o Brasil. Não está faltando trabalho. Mas isto não é assunto do grupo Brics, mas um assunto das relações bilaterais.

É que este banco é um concorrente do Fundo Monetário Internacional (FMI)?

Não, não podemos dizer isso. Pelo contrário estamos tentando desmentir esta comparação, quando alguém a formula, porque isto não é assim. O nosso novo objetivo consiste na entrada no sistema monetário internacional que existe agora e fazer uma contribuição, apresentar as nossas propostas para fazê-lo mais legítimo e equilibrado porque a nossa opinião é que a parte dos países em desenvolvimento é baixa e não corresponde ao seu nível do desenvolvimento econômico na etapa atual.

Especialmente, tomando em conta o poder de compra dos nossos cinco países. Acreditamos que no âmbito da décima quinta rodada da revisão das cotas, que deve ser afinal começado, os países do Brics ressaltarão das posições do aumento da sua participação e das suas quotas no âmbito do FMI, que permitirá fortalecer as posições desta organização e aumentar o papel do Brics na salvação das questões ligadas com o funcionamento do FMI.

Como é que os países pequenos podem ser incluídos na vossa agenda?

Vejo a possibilidade da realização de tal cooperação através do desenvolvimento econômico e estratégico e também através do mapa rodoviário da cooperação econômica e de investimentos. Além disso pode prestar a tensão do que os países do Brics no âmbito do projeto do novo banco de desenvolvimento vão discutir os projetos ligados com o desenvolvimento da infraestrutura e com a realização do projeto no âmbito do desenvolvimento estável. Neste domínio é possível a construção de alguns objetos e os investimentos em países terceiros. Os projetos de construção podem ser realizados naqueles países onde eles estão apresentados.